sábado, 9 de junho de 2012




Parte 20: Do século 19 em diante — uma iminente restauração!

“O melhor modo de veres a luz divina é apagar a tua própria vela.” — Thomas Fuller, médico e escritor inglês (1654-1734).

O SÉCULO 19 tem sido chamado de um dos mais vigorosos períodos da história cristã, emparelhando-se com os primeiros séculos e com os anos da Reforma. São muitos e variados os motivos para tal aumento na conscientização e na atividade religiosas.

O autor Kenneth S. Latourette alista 13 fatores relevantes, alguns dos quais foram considerados em números anteriores desta revista. Ele afirma que “nunca antes, em tão breve período de tempo, a sociedade humana foi modificada tão profundamente e de formas tão variadas”.

Nos Estados Unidos, o reavivamento religioso era claramente visível. Por exemplo, o rol de membros das igrejas aumentou de menos de 10 por cento da população, no início do século, para quase 40 por cento no fim dele. As escolas dominicais — introduzidas na Inglaterra, em 1780 — aumentaram em popularidade. Uma razão disto era que, em contraste com a Europa, a separação de igreja e Estado nos Estados Unidos impedia a instrução religiosa nas escolas públicas. Além disso, foi fundado um grande número de faculdades denominacionais e sociedades bíblicas interdenominacionais, e na primeira metade daquele século, pelo menos 25 seminários teológicos foram criados nos Estados Unidos.

No ínterim, em escala global, o protestantismo tornava-se inclinado para a obra missionária. O fabricante de sapatos e instrutor britânico William Carey tinha assumido a liderança, em 1792, por publicar o livro An Enquiry Into the Obligations of Christians to Use Means for the Conversion of the Heathens (Exame das Obrigações dos Cristãos de Usar os Meios Para Converter os Pagãos). Enquanto serviam na Índia como missionários, Carey e seus associados traduziram a Bíblia inteiramente, ou em parte, em mais de 40 línguas e dialetos indianos e asiáticos. A obra que alguns desses primeiros missionários fizeram em distribuir Bíblias é elogiável.

A relativamente nova ciência da arqueologia bíblica também granjeou posição de destaque, no século passado. Em 1799, soldados franceses no Egito descobriram uma placa de basalto negro que agora é chamada de pedra de Roseta. Continha a mesma inscrição escrita três vezes, duas vezes em formas diferentes de hieróglifos egípcios e uma em grego. Assim, provou-se inestimável para se decifrar os hieróglifos egípcios. Pouco tempo depois, também foram decodificados alguns escritos cuneiformes assírios. Assim, quando começaram as escavações na Assíria e no Egito, pouco depois disso, os artefatos obtidos nas escavações assumiram novo significado. Muitos relatos da Bíblia foram confirmados, nos mínimos detalhes.

Acendendo Suas Próprias Velas

À medida que crescia o interesse na religião, também crescia o número dos pretensos reformadores. No entanto, era óbvio que nem todos eram sinceros. Kenneth S. Latourette, o supracitado autor, admite candidamente que algumas das novas denominações religiosas “nasceram da inveja, das contendas, e das ambições pessoais”. Dificilmente seria de esperar, porém, que os reformadores, acendendo as velas da ambição pessoal, fossem os escolhidos por Deus para restaurar a adoração verdadeira.

No meio deste confuso bruxuleio de velas individuais, o modo de pensar teológico foi lançado em confusão. A alta crítica, mormente um produto das universidades alemãs, reinterpretou as Escrituras à luz do pensamento científico “avançado”. Os altos críticos consideravam a Bíblia como pouco mais do que um registro da experiência religiosa judaica. Questionou-se a autoridade da Bíblia, como essencial na determinação do meio de salvação, assim como a sabedoria dos padrões morais que ela defende.

A alta crítica obteve pronto apoio, especialmente entre os clérigos protestantes. Segundo certo relato, já em 1897, não havia um membro sequer do corpo docente das 20 universidades teológicas protestantes na Alemanha que ainda nutria os conceitos tradicionais sobre o escritor do Pentateuco ou do livro de Isaías.
Passados alguns anos, em 1902, surgiu uma controvérsia sobre a alta crítica numa conferência das Assembléias Gerais das Igrejas Presbiterianas na Escócia. Noticiava o Edinburgh Evening News: “De acordo com os altos críticos, . . . a Bíblia é uma coletânea de histórias míticas, das quais um pregador pode extrair alguns grãos de ensino ético, assim como um moralista perito pode extrair alguns grãos de ensino ético das ‘Fábulas de Esopo’.” No entanto, o jornal então comentava: “As classes operárias não são tolas. Elas não comparecerão à igreja para ouvir homens que vivem, eles mesmos, numa confusão mental.”

Um segundo artigo, publicado alguns dias depois, era ainda mais direto, comentando: “Não adianta fazer rodeios. A igreja protestante é uma hipocrisia organizada, e seus líderes são rematados farsantes. Ela realmente chegou a tal ponto que, se o autor de ‘A Idade da Razão’ fosse vivo hoje, ele não seria mencionado zombeteiramente como Tom Paine, o infiel, mas como o Rev. Thomas Paine, D.D. [Doutor em Teologia], Professor de Hebraico e de Exegese do Antigo Testamento, da Faculdade U[nida] L[ivre], de Glasgow. Ele não teria dificuldade alguma em pregar dum púlpito protestante . . . [e]  receber um polpudo salário como professor de teologia.”

Um Repique Religioso

Desde o início, o protestantismo sublinhava a conversão pessoal e a experiência cristã, confiava principalmente na Escritura, e menosprezava os sacramentos e a tradição.

Na década de 1830 e de 1840, muitos evangélicos protestantes começaram a proclamar a iminente segunda vinda de Cristo e, junto com ela, o início do Milênio. William Miller, um lavrador de Nova Iorque, sugeriu que a segunda vinda talvez ocorresse por volta de 1843. Este movimento milenarista ajudou a lançar a base para uma forma mais destacada e agressiva de evangelicismo, que se tornou conhecida como fundamentalismo.

O fundamentalismo era, notadamente, um repique contra o ceticismo, o livre pensamento, o racionalismo e a lassidão moral que o protestantismo liberalizado tinha nutrido. Mais tarde, adotou seu nome de uma série de 12 obras intitulada The Fundamentals (Os Fundamentos), editada de 1909 a 1912 pelo instituto Bíblico Moody.

O fundamentalismo, especialmente nos Estados Unidos, tornou-se bem-conhecido através de seus eficazes ministérios pelo rádio e pela TV, seus institutos bíblicos, e suas reuniões de reavivamento emocionais, amplamente divulgadas. Recentemente, contudo, sua reputação sofreu devido à falta de decoro em questões financeiras e sexuais de alguns de seus líderes mais destacados. Tem sido também criticado por sua crescente atividade política, em especial desde a formação, em 1979, da “Moral Majority” (Maioria Moral), que recentemente se desfez.

O fundamentalismo, ao passo que afirma defender a Bíblia, também tem, realmente, minado a autoridade dela. Uma forma em que tem feito isto é pela interpretação literal de textos que, claramente, não deveriam ser considerados de forma literal. Um exemplo disto é a afirmação de que, segundo o relato de Gênesis, a Terra foi criada em 6 dias literais de 24 horas. Obviamente, estes são dias simbólicos, de duração muito mais longa. (Compare com Gênesis 2:3, 4; 2 Pedro 3:8.) Outros modos pelos quais o fundamentalismo mina a Bíblia é por ensinar doutrinas antibíblicas, tais como o tormento eterno no inferno de fogo, e, às vezes, por promover padrões de comportamento diferentes daqueles que a Escritura exige, tal como por proibir o consumo de bebidas alcoólicas, ou o uso de cosméticos por parte das mulheres. Destes modos, o fundamentalismo tem feito com que pessoas rejeitem a mensagem da Bíblia como bitolada, desarrazoada e anticientífica.

Uma Questão do Tempo Certo

Claramente, era necessária uma restauração, a restauração da adoração verdadeira! Mas como diz Eclesiastes 3:1: “Para tudo há um tempo determinado.”

Lá no primeiro século, Jesus reativou a verdadeira adoração em forma do cristianismo. Todavia, ele profetizou que haveria uma apostasia. Disse que os verdadeiros cristãos, como o trigo, e os pseudocristãos, como o joio, ‘ambos cresceriam juntos até a colheita’. Naquele tempo, os anjos ‘reuniriam o joio e o queimariam’, ao passo que os verdadeiros cristãos seriam ajuntados ao favor de Deus. (Mateus 13:24-30, 37-43) Na última metade do século 19, estava às portas o tempo determinado para esta restauração da adoração verdadeira.

Charles Taze Russell nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, em 1852, e, mesmo quando criança, manifestava grande interesse pela Bíblia. Com seus 20 e poucos anos, ele desviou sua atenção dos negócios da família para devotar todo o seu tempo à pregação. Por volta de 1916, quando morreu, aos 64 anos, ele havia pregado, segundo se informa, mais de 30.000 sermões, e escrito livros que consistiam em mais de 50.000 páginas.

Ao passo que Russell reconhecia o trabalho elogiável que outros tinham feito, na promoção da Bíblia, ele se dava conta de que não bastava simplesmente traduzir, imprimir e distribuir a Bíblia. Assim, em 1879, começou a editar a revista atualmente conhecida como A Sentinela. Seu primeiro número dizia: “Estamos por demais inclinados a perguntar: O que minha igreja diz sobre qualquer questão, em vez de: O que dizem as Escrituras? Estuda-se teologia demais, e não se estuda suficientemente a Bíblia. Com o pensamento, então, de que ‘As Escrituras podem tornar-nos sábios’, que ‘os testemunhos do Senhor são fiéis, tornando sábios os simples’, examinemos as coisas.”

Atualmente, tendo concluído 110 anos de publicação ininterrupta, A Sentinela (agora editada em 106 idiomas, e com uma circulação de mais de 13 milhões de exemplares de cada número) prossegue examinando a Palavra de Deus. Milhões de pessoas têm chegado a apreciar a ajuda que ela lhes provê no estudo, no entendimento e na aplicação do que a Bíblia ensina.

Russell era diferente de muitos de seus contemporâneos que visavam uma reforma, no sentido de que ele não pregava uma via especial de acesso a Deus, não se gabava de ter visões ou revelações divinas, nem descobriu mensagens esotéricas em forma de livros ocultos, ou de outras formas, e jamais afirmou poder curar os fisicamente enfermos. Ademais, ele não asseverou que podia interpretar a Bíblia. Como um instrumento voluntário nas mãos divinas, ele resistiu a todas as tentações de permitir que “sua própria vela” ofuscasse a luz divina.

“É a verdade, em vez de seu servo, que deve ser honrada e proclamada”, escreveu Russell em 1900, acrescentando: “Existe uma disposição excessiva de creditar a verdade ao pregador, esquecendo-se de que toda verdade procede de Deus, que usa um ou outro servo na proclamação dela, conforme lhe apraz.” Este é o motivo principal de os redatores e os tradutores das publicações da Torre de Vigia, bem como os membros da Comissão de Tradução da Bíblia do Novo Mundo, decidirem permanecer anônimos.
Entronizado o Rei de Deus!

No primeiro século, João, o Batizador, anunciou o iminente aparecimento de Jesus como o Rei designado de Deus. No século 19, tinha chegado o tempo de anunciar o iminente aparecimento desse Rei em poder celeste. Assim sendo, em sua edição de março de 1880 (em inglês) a Torre de Vigia de Sião declarou: “‘Os Tempos dos Gentios’ se estendem até 1914, e o reino celeste não exercerá pleno domínio até então.”

Assim, o grupo atualmente conhecido como Testemunhas de Jeová estabeleceu um registro público, há mais de cem anos, de tornar conhecido que o ano de 1914 assinalaria o início do Reino de Deus. A entronização do Rei de Deus foi um passo preliminar para apagar de vez a bruxuleante vela da religião falsa, de modo que não mais pudesse obscurecer a luz divina.

À medida que o século 19 chegava ao fim, a religião da cristandade não dispunha de vestes para identificar-se como serva de Deus. Merecia ser abandonada por Deus. Aproximava-se o seu tempo de julgamento. Informe-se mais sobre isso em nossa próxima edição.


A pedra de Roseta tem ajudado a confirmar a veracidade da Bíblia.


Alguns dos “Tardios” Filhos da Reforma:

  Adventistas do Sétimo Dia: Esta é a maior das cerca de 200 denominações adventistas. Seu nome se baseia na crença na segunda vinda, ou advento, de Cristo. Os adventistas procedem do movimento de William Miller, ministro leigo batista, do início da década de 1840. Ensinando que os Dez Mandamentos ainda vigoram, os Adventistas do Sétimo Dia guardam um sábado literal. Alguns membros atribuem uma inspiração quase que como a da Bíblia aos escritos de Ellen Gould White, um dos líderes mais influentes do grupo, que afirmava que ela foi iluminada por uma série de visões divinas.

  Discípulos de Cristo: Esta igreja foi formada em 1832 por presbiterianos americanos, voltados para a restauração. Seu lema era: “Onde as Escrituras falam, nós falamos; onde as Escrituras silenciam, nós silenciamos.” Uma obra de referências descreve-os como “muitíssimo tolerantes em questões doutrinais e religiosas”. Os membros permitiram que a política os dividisse seriamente durante a Guerra Civil dos EUA. Em 1970, havia 118 denominações, inclusive as Igrejas de Cristo, formadas em 1906.

  Exército da Salvação: William Booth fundou este grupo religioso que é organizado de acordo com padrões militares. Booth ingressou no ministério metodista com seus 20 e poucos anos, e tornou-se um evangelista independente em 1861. Ele e sua esposa criaram uma missão de pregação entre os pobres no bairro East End de Londres. O nome do grupo foi mudado em 1878, passando de Missão Cristã para Exército da Salvação. O Exército da Salvação procura “salvar almas” por oferecer ajuda social aos desabrigados, aos famintos, aos maltratados e aos desprivilegiados.

  Igreja de Cristo, Cientista: Este movimento religioso é comumente conhecido como Ciência Cristã. Foi fundada em 1879 por Mary Baker Eddy, que era bem cônscia da saúde. Sua alegada recuperação instantânea de um grave acidente, em 1866, convenceu-a de que ela havia descoberto os princípios que habilitaram Jesus a curar os doentes e ressuscitar os mortos. Seu livro de 1875, Science and Health With Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras) ensina que o espiritual prevalece sobre o físico, que o pecado, a doença, a morte e outros negativos, são ilusões que podem ser sobrepujadas pelo conhecimento da verdade e pelo pensamento positivo, em harmonia com a Mente, querendo dizer Deus.

Nenhum comentário: