segunda-feira, 5 de março de 2012

O nome divino nas Escrituras Hebraicas Hebr.: יהוה (YHWH)


“Jeová” (hebr.: יהוה, YHWH), o nome pessoal de Deus, ocorre pela primeira vez em Gên 2:4. O nome divino é um verbo, é a forma causativa, no imperfeito, do verbo hebraico הוה (ha‧wáh, “vir a ser; tornar-se”). Portanto, o nome divino significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Isto revela que Jeová é Aquele que, com ação progressiva, faz com que ele venha a ser o Cumpridor de promessas, Aquele que sempre leva seus propósitos à realização. Veja Gên 2:4 n.: “Jeová”; Ap. 3C. Compare isso com Êx 3:14 n.
A maior indignidade que modernos tradutores causam ao Autor divino das Escrituras Sagradas é a eliminação ou o ocultamento deste seu peculiar nome pessoal. Na realidade, seu nome ocorre no texto hebraico 6.828 vezes como יהוה (YHWH ou JHVH [IHVH]), geralmente chamado de Tetragrama (que significa literalmente “de quatro letras”). Por usarmos o nome “Jeová”, apegamo-nos de perto aos textos da língua original e não seguimos a prática de substituir o nome divino, o Tetragrama, por títulos tais como “Senhor”, “o Senhor”, “Adonai” ou “Deus”.
Hoje em dia, à parte de alguns poucos fragmentos da primitiva Septuaginta ou Versão dos Setenta grega, na qual se preserva o nome sagrado em hebraico, somente o texto hebraico reteve este nome de máxima importância na sua forma original de quatro letras, יהוה (YHWH), cuja pronúncia exata não foi preservada. Os textos atualmente em circulação da Septuaginta grega (LXX), da Pesito siríaca (Sy) e da Vulgata latina (Vg) substituem o nome ímpar de Deus pelo mero título de “Senhor”. — Veja Ap. 1C.
O texto do Códice de Leningrado B 19A, que se encontra na URSS, usado para a Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS), apresenta os sinais vocálicos do Tetragrama para rezar Yehwáh, Yehwíh e várias vezes Yehowáh, como em Gên 3:14. A edição do texto hebraico feita por Ginsburg (Gins.) apresenta os sinais vocálicos em YHWH para rezar Yehowáh. Ao passo que muitos tradutores favorecem a pronúncia “Yahweh” ou “Javé”, a Tradução do Novo Mundo continua a usar a forma “Jeová”, por causa da familiaridade das pessoas com ela já por séculos. — Veja ad sob “Jeová”.
O costume de substituir o nome divino por títulos, que surgiu entre os judeus, foi aplicado a cópias posteriores da Septuaginta grega, à Vulgata latina e a muitas outras traduções, antigas e modernas. Por isso declara A Greek-English Lexicon, de Liddell e Scott (LSJ), p. 1013: “‛ο Κύριος,=hebr.: Yahweh, LXX Ge. 11.5, al.” Também, o Greek Lexicon of the Roman and Byzantine Periods, de E. A. Sophocles, Cambridge, EUA, e Leipzig, 1914, p. 699, diz sob κύριος (Ký‧ri‧os): “Senhor, representativo de יהוה. Sept. passim [espalhado por toda ela].” Além disso, o Dictionnaire de la Bible, de F. Vigouroux, Paris, 1926, col. 223, diz que “a Septuaginta e a Vulgata contêm Κύριος e Dominus, ‘Senhor’, onde o original contém Jeová”. Sobre o nome divino, A Compendious Syriac Dictionary, editado por J. Payne Smith, Oxford, reimpressão de 1979, p. 298, diz que Mar‧ya’, “na versão Pesito [siríaca] do A. T., representa o Tetragrama”.
William Tyndale traduziu os primeiros cinco livros da Bíblia em 1530, nos quais o nome Jeová apareceu pela primeira vez em inglês. Ele escreveu “Iehouah” (em Gên 15:2; Êx 6:3; 15:3; 17:16; 23:17; 33:19; 34:23) e “Iehoua” (em De 3:24). Tyndale escreveu numa nota desta edição: “Iehovah é o nome de Deus . . . Ademais, cada vez que encontrardes SENHOR com letras maiúsculas (a menos que haja algum erro na impressão) é em hebraico Iehovah.” Disso surgiu entre tradutores a prática de usar o nome de Jeová apenas em uns poucos lugares, mas escrever “SENHOR” ou “DEUS” na maioria dos lugares onde em hebraico ocorre o Tetragrama. Esta prática foi adotada pelos tradutores da Versão Rei Jaime (em inglês) em 1611, na qual o nome Jeová ocorre apenas quatro vezes, a saber, em Êx 6:3; Sal 83:18; Is 12:2; 26:4.
Além disso, Theological Wordbook of the Old Testament, Vol. 1, Chicago (1980), p. 13, diz: “Para evitar o risco de tomar o nome de Deus (YHWH) em vão, judeus devotos começaram a substituir o nome próprio pela palavra ’ădōnā(y). Embora os massoretas deixassem as quatro consoantes originais no texto, acrescentaram as vogais ē (em lugar de ă, por outros motivos) e ā para lembrar ao leitor de pronunciar ’ădōnā(y), sem consideração das consoantes. Esta particularidade ocorre mais de seis mil vezes na Bíblia hebraica. A maioria das traduções usam letras maiúsculas para constituir o título ‘SENHOR’. Exceções a isso são a ASV [American Standard Version (Versão Normal Americana)] e a Tradução do Novo Mundo, que usam ‘Jeová’, a [Bíblia] Amplified, que usa ‘Senhor’, e a BJ [A Bíblia de Jerusalém], que usa ‘Iahweh’. . . . Nos lugares onde ocorre ’ădōnā(y) yhwh, esta última palavra está marcada com os sinais das vogais de ’ēlōhim, e surgiram versões inglesas tais como ‘Senhor DEUS’ (ex. Amós 7:1).”
O NOME DIVINO NAS ESCRITURAS HEBRAICAS (NM)
A própria freqüência do aparecimento do nome atesta a sua importância para o autor da Bíblia, a quem pertence este nome. O Tetragrama ocorre 6.828 vezes no texto hebraico (BHK e BHS). Isto está confirmado pelo Theologisches Handwörterbuch zum Alten Testament, Vol. I, editado por E. Jenni e C. Westermann, 3.a ed., Munique e Zurique, 1978, col. 703, 704. A Tradução do Novo Mundo verte o Tetragrama por “Jeová” em todas as ocorrências, exceto em Jz 19:18, cuja n. veja.
Baseados nos textos da LXX, restabelecemos o Tetragrama em três lugares e o vertemos por “Jeová”, a saber, em De 30:16; 2Sa 15:20 e 2Cr 3:1, onde as notas na BHK dão יהוה.
Segundo as notas da BHK e da BHS, em Is 34:16 e Za 6:8 deve-se ler o nome divino em vez do pronome possessivo da primeira pessoa singular “minha” ou “meu”. Restabelecemos o nome divino nestes dois lugares e o vertemos por “Jeová”.
Para uma explicação dos 141 restabelecimentos adicionais do nome divino veja o Ap. 1B.
O nome “Jeová” ocorre 6.973 vezes no texto das Escrituras Hebraicas da Tradução do Novo Mundo, inclusive em três nomes compostos (Gên 22:14; Êx 17:15; Jz 6:24) e em seis ocorrências nos cabeçalhos dos Salmos (7 ; 18  [3 vezes]; 36 ; 102 ). Estas nove ocorrências estão incluídas nas 6.828 vezes na BHK e na BHS.
“Jeová” nas E.H. da NM
      6.827      YHWH vertido por “Jeová”
        146      Restabelecimentos adicionais
Total 6.973      “Jeová” em Gên-Mal
A FORMA ABREVIADA DO NOME DIVINO
A forma abreviada do nome divino ocorre 50 vezes no texto massorético como Yah, vertido por “Jah”. Segue-se a lista destas ocorrências: Êx 15:2;  17:16; Sal 68:4, 18;  77:11;  89:8;  94:7, 12;  102:18;  104:35;  105:45;  106:1, 48;  111:1;  112:1;  113:1, 9;  115:17, 18;  116:19;  117:2;  118:5, 14, 17, 18, 19;  122:4;  130:3;  135:1, 3, 4, 21;  146:1, 10;  147:1, 20;  148:1, 14;  149:1, 9;  150:1, 6; Cân 8:6; Is 12:2;  26:4;  38:11.

Bíblia com Referências aumenta a excelência da Tradução do Novo Mundo por revelar suas muitas traduções exatas das verdades espirituais.


A Bíblia com Referências diz na sua introdução (página 7, coluna 1, parágrafo 3): “Teve-se cuidado especial na tradução dos verbos hebraicos e gregos, com o objetivo de captar a simplicidade, o calor, o caráter e o vigor das expressões originais. Houve esforço de preservar o sabor da antiguidade hebraica e grega, do modo de pensar das pessoas, da sua maneira de raciocinar e falar, do seu relacionamento social, etc.” Vejamos em que resultou isso.

Verbos de Ação Contínua

Os escritores das Escrituras Gregas Cristãs eram cuidadosos e precisos na sua escolha de palavras. Isto é demonstrado no relato sobre o Sermão do Monte de Jesus. No original usa-se várias vezes uma forma do verbo que indica ação contínua, e isto é fielmente representado nessa tradução. Assim, em Mateus 6:33, a Tradução do Novo Mundo verte as palavras iniciais do seguinte modo: “Persisti, pois, em buscar primeiro o reino.” A nota ao pé da página, sobre este versículo, sugere uma versão alternativa: “Ou: ‘Estai buscando.’ . . . A forma do verbo indica uma ação contínua.”

A maioria das traduções da Bíblia desconsidera o aspecto contínuo deste verbo. Por exemplo, a versão Almeida ([Al] revista e corrigida) reza: “Buscai primeiro o reino.” Entretanto, tal maneira de traduzir deixa de captar a precisão do conselho de Jesus. Ele não deu a entender que devêssemos buscar o Reino uma vez ou duas, e depois passar para outras coisas. Antes, devemos buscá-lo continuamente. Deve sempre ocupar o primeiro lugar na nossa vida.

Em Mateus 7:7, Jesus usou esta forma contínua três vezes em um só versículo, com sentido enfático: “Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á.” Tais traduções cuidadosas da Bíblia provêem jóias da verdade, que brilham de tão coerentes.

Uso Perito dos Negativos

Os escritores da Bíblia eram peritos no uso de negativos. Note a maneira cuidadosa de a Tradução do Novo Mundo verter o conselho adicional de Jesus no Sermão do Monte. Em Mateus 6:16, está registrado que ele disse: “Quando jejuardes, parai de ficar com o rosto triste, como os hipócritas.” A maioria das traduções verte esta expressão pelo simples negativo: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas.” (Al) Esta versão dá a entender ‘não comeceis a parecer tristes’. No entanto, o escritor bíblico usou aqui um imperativo negativo no tempo presente (contínuo). Em grego, isto tem um significado específico. A ação está atualmente em progresso e tem de parar. A Tradução do Novo Mundo observa este meticuloso ponto que na maioria das outras traduções é desconsiderado. Note alguns exemplos adicionais de tal tradução cuidadosa: “Parai de armazenar para vós tesouros.” (Mateus 6:19) “Parai de julgar, para que não sejais julgados.” — Mateus 7:1.

Na consideração do assunto dos negativos, note o uso de imperativos negativos quando os escritores bíblicos usaram o tempo do aoristo. Em grego, este tempo indica que as ações são proibidas em qualquer dado momento ou tempo. De modo que Jesus disse aos seus ouvintes: “Portanto, nunca estejais ansiosos [quer dizer, não estejais ansiosos em nenhum momento] quanto ao dia seguinte.” (Mateus 6:34) Aqui, novamente, a maioria das traduções usa alguma forma de simples negativo, tal como: “Não vos preocupeis.” (Matos Soares) Entretanto, tal tradução perde o pleno impacto do original. A linguagem enfática da Bíblia é similarmente preservada para nós na frase: “Nunca estejais ansiosos, dizendo: ‘Que havemos de comer?’” (Mateus 6:31) Estas são umas poucas jóias de tradução cuidadosa.

Participe na Atividade Cristã

Freqüentemente, as traduções alternativas dos verbos, encontradas nas notas da Bíblia com Referências revelam novos ângulos do sentido do versículo bíblico. Tome, por exemplo, o conselho de Paulo aos filipenses, encontrado em Filipenses 1:27: “Somente comportai-vos da maneira digna das boas novas acerca do Cristo.” Isto é similar à versão encontrada em outras traduções. Por exemplo, a versão do Pontifício Instituto Bíblico de Roma reza: “Somente, comportai-vos de maneira digna do Evangelho de Cristo.” E O Novo Testamento, Interconfessional, diz: “Procurem, sim, comportar-se de maneira digna da Boa Nova de Cristo.” Na Bíblia com Referências, porém, há uma nota referente à palavra “comportai-vos”, que nos dá um entendimento mais profundo do sentido daquele conselho dado aos filipenses. A nota apresenta uma versão alternativa da palavra “comportai-vos”: “Ou ‘procedei como cidadãos’.”

A palavra grega, aqui traduzida por “comportai-vos”, deriva duma palavra que significa “cidadão”. Os filipenses deviam participar como “cidadãos” na proclamação das boas novas. Deve ser lembrado que os cidadãos romanos, em geral, tomavam parte ativa nos assuntos de Estado, e a cidadania romana era muito prezada — especialmente, como no caso de Filipos, pelas cidades fora da Itália, cujos habitantes obtiveram de Roma a concessão da cidadania. Assim, conforme a nota na Bíblia com Referências nos ajuda a entender, Paulo disse ali aos cristãos que eles não deviam ser inativos, ou ser cristãos apenas nominais. Eles também tinham de participar na atividade cristã, mostrando-se assim dignos das boas novas. Este entendimento mais profundo está em harmonia com as palavras posteriores de Paulo aos filipenses: “Quanto a nós, a nossa cidadania existe nos céus.” — Filipenses 3:20.

Abraão “Tentou Oferecer” Isaque

Conforme já observado, é possível ter um entendimento mais claro quando os verbos gregos são traduzidos com cuidado para o português. Considere o importante texto de Hebreus 11:17. A versão Almeida (rev. e corr.) traduz este versículo como segue: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando provado, sim . . . ofereceu o seu unigênito.” À base desta tradução, pode-se pensar que o verbo “ofereceu” aparece em grego do mesmo modo nos dois casos.

Entretanto, a forma do verbo grego difere nas duas ocorrências. No primeiro caso, o verbo “ofereceu” está no tempo perfeito (completo), ao passo que o segundo “ofereceu” está no imperfeito (pretérito contínuo). Esses tempos dos verbos têm sentidos sutis no grego, e a Tradução do Novo Mundo procura destacá-los pela sua tradução do texto: “Abraão, quando provado, a bem dizer ofereceu Isaque, e o homem . . . tentou oferecer seu unigênito.” Há uma nota referente a primeira ocorrência do verbo, que apresenta uma tradução alternativa: “Ou ‘Abraão, ao ser testado, (como que) ofereceu’.” E a nota sobre o segundo verbo sugere uma segunda maneira em que se poderia expressar este verbo no imperfeito: “Ou ‘passou a’.” De modo que o versículo poderia rezar: “O homem . . . passou a oferecer.” O verbo grego indica assim que se intencionava ou tentava tal ação, mas que não foi executada inteiramente. Isto está em harmonia com o que realmente aconteceu. — Gênesis 22:9-14.

O “Muro no Meio”

As notas ao pé das páginas, na Bíblia com Referências, fornecem também informações úteis tiradas de outras obras de erudição bíblica. Por exemplo, considere o uso que Paulo fez do termo “muro no meio”, encontrado em Efésios 2:14. A nota na Bíblia com Referências reza: “Esta é uma alusão ao muro (ou à mureta de treliça) na área do templo, que impedia a entrada dos adoradores gentios não santificados nos pátios internos, franqueados somente aos adoradores judaicos santificados. Segundo a Míxena (traduzida ao inglês por Danby, 1950, p. 592), esta mureta chamava-se ‘o Soregue’. Diz-se que este muro tinha a altura de 1,3 m. Veja Ap. 9F.”

Paulo argumentou apropriadamente no contexto de Efésios 2:14 no sentido de que este “muro no meio”, o Soregue no templo de Herodes, dos dias de Jesus, retratava a anterior separação legal entre judeus e gentios, por motivo do pacto da Lei feito por meio de Moisés. Mas agora, este muro que separava, o pacto da Lei, havia sido retirado por causa do sacrifício de Cristo, o qual tem poder santificador para purificar até mesmo gentios. (Colossenses 2:13-15) Desde 36 EC, quando os gentios crentes foram juntados à congregação dos judeus cristãos, esses gentios tornaram-se ungidos e santificados, como parte do espiritual “Israel de Deus”. (Gálatas 6:16) Esses gentios, então purificados, faziam também parte da classe do santuário celestial, retratado por aqueles que andavam nos pátios internos do templo. Os cristãos gentios não tinham mais nenhum impedimento na sua relação com Jeová por alguma restrição ao pátio externo, conhecido como o Pátio dos Gentios.

Proclamação das Boas Novas “de Casa em Casa”

Muitos têm criticado as Testemunhas de Jeová pela sua pregação global e eficiente de casa em casa. No entanto, há um nítido modelo provido pelos apóstolos e pelos primitivos cristãos. Em Atos 5:42, lemos sobre a sua atividade: “Cada dia, no templo e de casa em casa, continuavam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas.”

A nota da Bíblia com Referências tem um comentário sobre a frase “de casa em casa”. Diz o seguinte: “Lit.: ‘segundo [a] casa’. Gr[ego]: kat’ oí‧kon. Aqui, ka‧tá é usado com o acusativo sing[ular] no sentido distributivo. R. C. H. Lenski, na sua obra The Interpretation of The Acts of the Apostles [A Interpretação dos Atos dos Apóstolos], Minneapolis, EUA (1961), fez o seguinte comentário sobre At 5:42: ‘Os apóstolos nem por um instante pararam a sua bendita obra. “Cada dia” eles continuavam, e isto abertamente, “no Templo”, onde o Sinédrio e a polícia do Templo podiam vê-los e ouvi-los, e, naturalmente, também [kat’ oí‧kon], que é distributivo, “de casa em casa”, e não meramente adverbial, “em casa”.’”

Referências Marginais Úteis

Na leitura das Escrituras, muitas vezes se verifica que o escritor bíblico citou uma passagem de outra parte das Escrituras ou alude a outra passagem na Bíblia. Em tais casos, a Bíblia com Referências pode ser muito útil. Seu sistema de referências marginais indica ao estudante outros lugares onde o assunto é mencionado.
Considere o encontro de Jesus com seu Adversário, Satanás, registrado em Mateus 4:3-11. No versículo 4, Jesus replica a primeira tentação de Satanás por dizer: “Está escrito: ‘O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová.’” A referência indica que Jesus citou ali um texto encontrado nas nossas Bíblias em Deuteronômio 8:3. Satanás apresentou a Jesus uma segunda tentação, tentando apoiá-la por asseverar: “Está escrito: ‘Dará aos seus anjos encargo concernente a ti, e eles te carregarão nas mãos, para que nunca batas com o pé contra uma pedra.’” Onde encontrou Satanás essas palavras? A referência marginal indica ao estudante o Salmo 91:11, 12. Sim, Satanás estava citando as Escrituras, atuando como “anjo de luz”. (2 Coríntios 11:14) Jesus respondeu: “Novamente está escrito: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’” Esta também era a citação dum texto, mas aplicado corretamente. Donde foi citado? A referência marginal remete-nos a Deuteronômio 6:16. Quando tentado pela terceira vez, Jesus novamente citou um texto. Donde? De Deuteronômio 6:13, segundo a referência marginal. Muitos outros serviços úteis similares são prestados pelas 125.000 referências marginais encontradas na Bíblia com Referências.

“É o melhor Novo Testamento interlinear disponível”


FOI assim que o Dr. Jason BeDuhn descreveu The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures (Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas). Ele explica:

“Acabei de dar um curso para o Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Indiana, em Bloomington, [EUA] . . . Esse é basicamente um curso sobre os Evangelhos. Os senhores me ajudaram através dos vários exemplares de The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures, que meus alunos usaram como um dos compêndios para as aulas. Esses pequenos volumes foram inestimáveis para o curso e muito populares entre os estudantes.”

Por que o Dr. BeDuhn usa a tradução Kingdom Interlinear em seus cursos na faculdade? Ele responde: “Simplesmente porque é o melhor Novo Testamento interlinear disponível. Sou erudito qualificado em assuntos bíblicos, familiarizado com os compêndios e instrumentos usados atualmente no estudo da Bíblia. A propósito, não sou Testemunha de Jeová. Mas conheço uma publicação de qualidade quando a vejo, e a sua ‘Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia’ fez um bom trabalho. Sua tradução interlinear para o inglês é correta e tão consistente que obriga o leitor a encarar as diferenças lingüísticas, culturais e conceituais entre o mundo de língua grega e o nosso. A sua ‘Tradução do Novo Mundo’ é uma obra de alta qualidade e literal, que evita interpretações tradicionais a fim de ser fiel ao grego. É, em muitos sentidos, superior às traduções mais vendidas em uso atualmente.”

The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures é publicada pelas Testemunhas de Jeová para ajudar os que amam a Palavra de Deus a se familiarizar com o texto grego original da Bíblia. Ela contém The New Testament in the Original Greek (O Novo Testamento no Grego Original) no lado esquerdo da página (compilado por B. F. Westcott e F. J. A. Hort). Uma tradução literal, palavra por palavra, em inglês aparece sob as linhas do texto grego. Na coluna estreita, à direita, encontra-se a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, que permite ao leitor comparar a tradução interlinear com uma tradução da Bíblia em inglês moderno.

QUE TRADUÇÃO DEVO LER?


  Muitos idiomas têm várias traduções da Bíblia. Algumas delas usam linguagem difícil, arcaica. Outras são paráfrases — traduções livres, cujo objetivo é facilitar a leitura sem se preocupar com a exatidão. Ainda outras são literais, traduzidas quase palavra por palavra.

  A edição em inglês da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pelas Testemunhas de Jeová, foi traduzida diretamente dos idiomas originais por uma comissão anônima. Essa versão, por sua vez, foi o texto principal usado nas traduções para cerca de 60 línguas. Os tradutores para essas línguas, porém, fizeram comparações minuciosas com o texto nas línguas originais. A Tradução do Novo Mundo tem por objetivo uma tradução literal do texto na língua original quando isso não obscurece seu significado. Os tradutores procuram fazer com que a Bíblia seja tão compreensível para os leitores de hoje como o texto original era para os leitores nos tempos bíblicos.

  Alguns especialistas em lingüística têm examinado certas Bíblias modernas — incluindo a Tradução do Novo Mundo — em busca de exemplos de tradução inexata e tendenciosa. Um desses eruditos é Jason David BeDuhn, professor-associado de estudos religiosos da Universidade do Norte do Arizona, EUA. Em 2003, ele publicou um estudo de 200 páginas sobre nove das “Bíblias mais usadas nos países de língua inglesa”. Seu estudo examinou vários trechos polêmicos, pois é onde “a tradução tem maior probabilidade de ser tendenciosa”. Na análise de cada trecho, ele comparou o texto em grego com as traduções de cada versão em inglês em busca de tentativas tendenciosas de mudar o sentido do texto. Qual foi sua avaliação?
  BeDuhn destaca que o público em geral e muitos eruditos bíblicos acreditam que as diferenças na Tradução do Novo Mundo (NM) se devem aos conceitos religiosos dos tradutores. No entanto, ele relata: “A maioria das diferenças são por causa da maior exatidão da NM como uma tradução literal, conservadora.” Embora BeDuhn discorde de algumas opções de tradução usadas na Tradução do Novo Mundo, ele diz que essa versão “é a mais exata de todas as traduções comparadas”. Ele a chama de uma tradução “notavelmente boa”.

  O Dr. Benjamin Kedar, hebraísta em Israel, fez um comentário parecido sobre a Tradução do Novo Mundo. Em 1989 ele disse: “Essa obra reflete um esforço honesto de obter uma compreensão do texto tão precisa quanto é possível. . . . Eu nunca descobri na Tradução do Novo Mundo intento preconceituoso de dar ao texto uma interpretação que este não contenha.”

  Pergunte-se: ‘Qual é o meu objetivo ao ler a Bíblia? Quero uma leitura fácil, sem me preocupar com a exatidão? Ou quero ler pensamentos que refletem o mais de perto possível o texto inspirado original?’ (2 Pedro 1:20, 21) Seu objetivo determinará a tradução que vai escolher.

Além da Tradução do Novo Mundo (em inglês), as Bíblias examinadas foram The Amplified New Testament, The Living Bible, The New American Bible With Revised New Testament, New American Standard Bible, The Holy Bible—New International Version, The New Revised Standard Version, The Bible in Today’s English Version e King James Version.

A “Tradução do Novo Mundo” — Erudita e honesta


Palavras intimamente aparentadas nas línguas originais da Bíblia são traduzidas, quando possível, por diferentes palavras da língua portuguesa, alertando assim o estudante da Bíblia a possíveis diferentes nuanças de significado. Assim, syn‧télei‧a é traduzida por “terminação” e té‧los por “fim”, embora ambas as palavras sejam traduzidas por “fim” em muitas outras versões. (Mateus 24:3, 13) A palavra kó‧smos é traduzida por “mundo”, ai‧ón por “sistema de coisas”, e oi‧kou‧mé‧ne por “terra habitada”. Mais uma vez, muitas traduções da Bíblia usam meramente “mundo” para verter duas dessas palavras gregas ou mesmo as três, embora, de fato, haja diferenças entre elas. — Mateus 13:38, 39; 24:14.

Similarmente, a Tradução do Novo Mundo cuidadosamente reconhece a diferença entre gnó‧sis (“conhecimento”) e e‧pí‧gno‧sis (traduzida “conhecimento exato”) — diferença ignorada por muitas outras traduções. (Filipenses 1:9; 3:8) Faz distinção também entre tá‧fos (“sepulcro”, lugar individual de sepultamento), mné‧ma (“túmulo”), mne‧meí‧on (“túmulo memorial”), e haí‧des (“hades”, referindo-se na Bíblia à sepultura comum dos mortos da humanidade). (Mateus 27:60, 61; João 5:28; Atos 2:29, 31) Diversas traduções da Bíblia fazem distinção entre tá‧fos e mne‧meí‧on em Mateus 23:29, mas não de modo coerente em outros lugares. — Veja Mateus 27:60, 61, Bíblia Mensagem de Deus.
Os tempos verbais são vertidos com cuidado e precisão. Por exemplo, na versão Almeida, 1 João 2:1 reza: “Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” Mais à frente, a mesma tradução verte 1 João 3:6: “Qualquer que permanece [em Jesus] não peca.” Se nenhum seguidor de Jesus peca, como se aplica 1 João 2:1?

A Tradução do Novo Mundo soluciona essa aparente contradição. Em 1 João 2:1, ela diz: “Escrevo-vos estas coisas para que não cometais um pecado. Contudo, se alguém cometer um pecado, temos um ajudador junto ao Pai, Jesus Cristo, um justo.” João usou o tempo aoristo neste versículo, indicando o ato de cometer um pecado isolado, o tipo de coisa que, devido à imperfeição, todos nós fazemos de tempos em tempos. Contudo, 1 João 3:6 reza: “Todo aquele que permanece em união com ele não pratica o pecado; ninguém que pratica o pecado o tem visto, nem o chegou a conhecer.” João usou aqui o tempo presente, indicando um proceder pecaminoso em andamento e habitual, que invalidaria a afirmação que qualquer pessoa fizesse de ser um cristão.

Outros Eruditos Concordam

Certos termos não familiares supostamente inventados pelas Testemunhas de Jeová são apoiados por outras traduções da Bíblia ou por obras de referência. Em Lucas 23:43, a Tradução do Novo Mundo registra assim as palavras de Jesus ao criminoso executado com ele: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso.” No grego original, não havia sinais de pontuação, tais como vírgulas; mas, em geral, os tradutores inserem algum tipo de pontuação para ajudar na leitura. A maioria deles, contudo, faz com que Lucas 23:43 pareça dizer que Jesus e o criminoso iriam para o Paraíso naquele mesmo dia. A Bíblia Vozes diz: “Em verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso.” Porém, nem todos transmitem essa idéia. O professor Wilhelm Michaelis verte assim o versículo: “Deveras, hoje mesmo eu te dou a garantia: (um dia) estarás comigo no paraíso.” Esta tradução é muito mais lógica do que a da Bíblia Vozes. O criminoso que estava morrendo não poderia ter ido com Jesus para o Paraíso naquele mesmo dia. Jesus só foi ressuscitado no terceiro dia após sua morte. Nesse meio tempo, ele ficou no Hades, a sepultura comum da humanidade. — Atos 2:27, 31; 10:39, 40.

De acordo com Mateus 26:26, na Tradução do Novo Mundo, Jesus, ao instituir a celebração da Refeição Noturna do Senhor, disse, sobre o pão que passou aos discípulos: “Isto significa meu corpo.” A maioria das outras traduções verte assim esse versículo: “Isto é o meu corpo”, e isto é usado para apoiar a doutrina de que, durante a celebração da Refeição Noturna do Senhor, o pão literalmente torna-se a carne de Cristo. Na Tradução do Novo Mundo, a palavra traduzida por “significa” (es‧tín, uma forma de ei‧mí) vem da palavra grega cujo sentido é “ser”, mas também pode ter a acepção de “significar”. Assim, o Greek-English Lexicon of the New Testament (Léxico Grego-Inglês do Novo Testamento) de Thayer diz que esse verbo “é com freqüência equiv. [equivalente a] denotar, significar, importar”. De fato, “significa” é uma tradução lógica aqui. Quando Jesus instituiu a Última Ceia, sua carne ainda estava nos seus ossos; portanto, como poderia o pão ter sido a sua carne literal? Em João 1:1, a Tradução do Novo Mundo reza: “A Palavra era um deus.” Em muitas traduções, esta expressão reza simplesmente: “O Verbo [a Palavra] era Deus”, e é usada para apoiar a doutrina da Trindade. Não surpreende que os Trinitaristas não gostem da versão apresentada na Tradução do Novo Mundo. Mas João 1:1 não foi falsificado a fim de provar que Jesus não é o Deus Todo-poderoso. As Testemunhas de Jeová, entre muitos outros, já objetavam a usar “deus” com letra maiúscula muito antes de surgir a Tradução do Novo Mundo, que se empenha em traduzir com exatidão a língua original. De modo similar, cinco tradutores da Bíblia, alemães, usam a expressão “um deus” naquele versículo. Pelo menos 13 outros usaram expressões tais como “da espécie divina” ou “da sorte semelhante a deus”. Essas traduções concordam com outros trechos da Bíblia para mostrar que Jesus, no céu, é sim um deus, no sentido de ser divino. Mas Jeová e Jesus não são o mesmo ser, o mesmo Deus. — João 14:28; 20:17.

O Nome Pessoal de Deus

Em Lucas 4:18, segundo a Tradução do Novo Mundo, Jesus aplicou a si mesmo uma profecia em Isaías, dizendo: “O espírito de Jeová está sobre mim.” (Isaías 61:1) Muitos objetam ao uso do nome Jeová aqui. Contudo, este é apenas um dos mais de 200 lugares em que esse nome aparece na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, o chamado Novo Testamento. É verdade que nenhum primitivo manuscrito grego existente do “Novo Testamento” contém o nome pessoal de Deus. Mas o nome fui incluído na Tradução do Novo Mundo por motivos sólidos, não por mero capricho. E outros têm adotado um procedimento similar. Só na língua alemã, pelo menos 11 versões usam “Jeová” (ou a transliteração do hebraico, “Yahweh”) no texto do “Novo Testamento”, ao passo que quatro tradutores acrescentam o nome entre parênteses depois de “Senhor”. Mais de 70 traduções em alemão o usam em notas e comentários.
Em Israel, o nome de Deus foi pronunciado sem inibição por mais de mil anos. É o nome que com mais freqüência aparece nas Escrituras Hebraicas (“Antigo Testamento”), e não há prova convincente de que fosse desconhecido pelo público em geral ou de que sua pronúncia tinha sido esquecida no primeiro século de nossa Era Comum, quando os cristãos judeus foram inspirados a escrever os livros do “Novo Testamento”. — Rute 2:4.

Wolfgang Feneberg comenta na revista jesuíta Entschluss/Offen (abril de 1985): “Ele [Jesus] não ocultou a nome do seu pai YHWH de nós, mas no-lo confiou. De outro modo é inexplicável por que o primeiro pedido do Pai-Nosso é: ‘Que o teu nome seja santificado!’” Feneberg observa ainda que “nos manuscritos pré-cristãos para os judeus que falavam grego, o nome de Deus não era parafraseado com kýrios [Senhor], mas era escrito na forma do tetragrama [YHWH] em hebraico ou em caracteres hebraicos arcaicos. . . . Encontramos reminiscências do nome nos escritos dos Pais da Igreja; mas estes não estavam interessados nele. Por traduzirem esse nome por kýrios (Senhor), os Pais da Igreja estavam mais interessados em atribuir a grandeza do kýrios a Jesus Cristo”. A Tradução do Novo Mundo restaura o nome ao texto da Bíblia onde quer que haja motivo sólido e erudito para assim fazer. — Veja o Apêndice 1D na Bíblia Com Referências.

Alguns criticam a forma “Jeová”, com a qual a Tradução do Novo Mundo verte o nome de Deus. Nos manuscritos hebraicos, o nome aparece apenas como quatro consoantes, YHWH, e muitos insistem em que a pronúncia correta é “Iavé”, não “Jeová”. Assim, eles acham que usar “Jeová” é um erro. Mas, na verdade, os peritos de forma alguma estão de acordo quanto a se a forma “Iavé” representa a pronúncia original. O fato é que, embora Deus tenha preservado a grafia do seu nome “YHWH” mais de 6.000 vezes na Bíblia, ele não preservou a pronúncia que Moisés ouviu no monte Sinai. (Êxodo 20:2) Por conseguinte, a pronúncia não é de suma importância em nossos dias.

Na Europa, a forma “Jeová” é amplamente reconhecida já por séculos e é usada em muitas Bíblias, incluindo traduções judaicas. Aparece incontáveis vezes em edifícios, moedas e outros objetos, e em obras literárias, bem como em muitos hinos de igreja. Portanto, em vez de tentar representar a pronúncia hebraica original, a Tradução do Novo Mundo, em todas as suas diferentes línguas, usa a forma do nome de Deus que é popularmente aceita. É exatamente isto que outras versões da Bíblia fazem com todos os outros nomes contidos na Bíblia.

TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO


Você permite que a Bíblia interprete a si mesma?

Que dizer se você não entender certo texto, mesmo depois de considerar o contexto? Talvez ajude compará-lo com outros textos, tendo em mente o teor geral da Bíblia. Um excelente instrumento para isso encontra-se na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, hoje disponível completa ou em parte em 57 idiomas. Trata-se de uma lista de referências marginais, ou referências cruzadas, que aparece na coluna central de cada página em muitas edições dessa Bíblia. Poderá encontrar mais de 125 mil dessas referências na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências. A “Introdução” nessa Bíblia explica: “A comparação cuidadosa das referências marginais e o exame das notas acompanhantes revelarão a harmonia entrosada dos 66 livros da Bíblia, provando que eles constituem um só livro, inspirado por Deus.”

Vejamos como o uso de referências cruzadas pode ajudar-nos a entender um texto. Tome o exemplo da história de Abrão, ou Abraão. Note esta pergunta: Quem tomou a dianteira quando Abrão e sua família saíram de Ur? Gênesis 11:31 diz: “Tera tomou . . . Abrão, seu filho, e Ló, . . . e Sarai, sua nora, . . . e estes saíram com ele de Ur dos Caldeus, a fim de irem para a terra de Canaã. Com o tempo chegaram a Harã e passaram a morar ali.” Lendo isso, a pessoa pode concluir que foi Tera, pai de Abrão, quem tomou a dianteira. No entanto, na Tradução do Novo Mundo encontramos 11 referências cruzadas relacionadas com esse versículo. A última nos leva a Atos 7:2, onde lemos a admoestação de Estêvão aos judeus do primeiro século: “O Deus da glória apareceu a nosso antepassado Abraão enquanto ele estava na Mesopotâmia, antes de fixar residência em Harã, e disse-lhe: ‘Sai da tua terra e de teus parentes e vai para uma terra que eu te hei de mostrar.’” (Atos 7:2, 3) Será que Estêvão estava confundindo isso com a saída de Abrão de Harã? Obviamente não, pois esses versículos fazem parte da inspirada Palavra de Deus. — Gênesis 12:1-3.

Por que, então, Gênesis 11:31 diz que “Tera tomou . . . Abrão, seu filho”, e outros de sua família e saiu de Ur? Tera ainda era o cabeça patriarcal. Ele concordou em ir com Abrão e, assim, atribuiu-se a ele o fato de mudar sua família para Harã. Por comparar e harmonizar esses dois textos, podemos imaginar bem o que aconteceu: Abrão respeitosamente convenceu seu pai a sair de Ur, de acordo com a ordem de Deus.
Ao ler as Escrituras, é preciso levar em conta o contexto e o teor geral da Bíblia. Exorta-se aos cristãos: “Não recebemos o espírito do mundo, mas o espírito que é de Deus, para que soubéssemos as coisas que nos foram dadas bondosamente por Deus. Destas coisas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com as ensinadas pelo espírito, ao combinarmos assuntos espirituais com palavras espirituais.” (1 Coríntios 2:11-13) Realmente, devemos rogar a Jeová que nos ajude a entender a sua Palavra e tentar ‘combinar assuntos espirituais com palavras espirituais’, examinando o contexto do versículo em questão e procurando versículos relacionados. Continuemos a procurar brilhantes jóias da verdade por meio do estudo da Palavra de Deus.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Que estrada o apóstolo Paulo percorreu na sua primeira viagem a Roma?


Atos 28:13-16 diz que o navio em que Paulo viajou para a Itália aportou em Putéoli (atual Pozzuoli), na baía de Nápoles. Dali, ele foi para Roma pela Via Ápia, a estrada principal da cidade.
O nome Via Ápia veio de Ápio Cláudio Ceco, estadista romano, que começou a construí-la em 312 AEC. Essa estrada, com cerca de cinco a seis metros de largura e pavimentada com grandes blocos de rocha vulcânica, com o tempo se estendeu 583 quilômetros a sudeste de Roma. Ela ligava Roma ao porto de Brundisium (atual Brindisi), a passagem para o Oriente. Os viajantes paravam em pontos para descanso — que ficavam a cerca de 25 quilômetros de distância um do outro — para comprar suprimentos, dormir ou para trocar de cavalo ou de carruagem.
No entanto, provavelmente Paulo estava a pé. O trecho da Via Ápia em que ele viajou tinha 212 quilômetros. Uma parte desse trecho atravessava os pântanos do Pontino. Um escritor romano que passou por essa região pantanosa se queixou dos mosquitos e do mau cheiro que havia ali. Um pouco ao norte desses pântanos ficava a Feira de Ápio — a cerca de 65 quilômetros de Roma — e Três Tavernas, uma parada para descanso a uns 50 quilômetros da cidade. Foi nessas duas paradas que os cristãos de Roma ficaram esperando Paulo. Ao vê-los, “Paulo agradeceu a Deus e tomou coragem”. — Atos 28:15.

Que tipo de tabuinha para escrever é mencionada em Lucas 1:63?


O Evangelho de Lucas relata que os amigos de Zacarias perguntaram que nome ele pretendia dar ao seu filho recém-nascido. Zacarias “pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: ‘João é o nome dele’”. (Lucas 1:63) De acordo com uma obra erudita, a palavra grega traduzida “tabuinha” se refere a “uma pequena tábua para escrever feita de madeira revestida de cera”. As placas de madeira, ligadas por dobradiças, tinha um rebaixo que era coberto com cera. Usando um instrumento pontiagudo, a pessoa podia escrever sobre essa superfície. Depois, podia-se apagar a escrita, reutilizando-se então a superfície alisada.
O livro Reading and Writing in the Time of Jesus (Leitura e Escrita no Tempo de Jesus) diz: “Pinturas de Pompeia, esculturas de várias partes do Império Romano e exemplares reais descobertos em muitos lugares, desde o Egito até a Muralha de Adriano [norte da Grã-Bretanha], mostram o amplo uso dessas tabuinhas.” Possivelmente, vários tipos de pessoa usavam essas tabuinhas — comerciantes, funcionários do governo e talvez até mesmo alguns cristãos do primeiro século.

Além do vinho, que outras bebidas alcoólicas eram feitas nos tempos bíblicos?


Vinho e bebida inebriante’ são mencionados juntos com frequência na Bíblia. (Deuteronômio 14:26; Lucas 1:15) A expressão “bebida inebriante” não quer dizer que essas bebidas eram produto de destilação, visto que esse processo só foi inventado séculos mais tarde. Essas bebidas não eram feitas só de frutas como uva, tâmara, figo, maçã e romã, mas também de mel.
O termo “bebida inebriante” também podia se referir à cerveja. A palavra hebraica traduzida por “bebida inebriante” está relacionada a uma palavra acadiana que pode se referir à cerveja de cevada comum da Mesopotâmia. Essa bebida tinha baixo teor alcoólico, mas se uma pessoa bebesse em excesso podia ficar embriagada. (Provérbios 20:1) Em antigos túmulos egípcios, foram encontradas maquetes em argila que representavam locais de produção de cerveja e pinturas de produtores de cerveja. Em Babilônia, a cerveja era uma bebida do dia a dia tanto em palácios como nas casas dos pobres. Os filisteus tinham uma bebida semelhante. Os arqueólogos encontraram por toda Palestina jarros equipados com coador na ponta. Esses recipientes coavam a cerveja para que quem bebesse não engolisse o bagaço da cevada com a qual se fazia a cerveja.

Nos dias do apóstolo Paulo, por que era especialmente perigoso navegar em certas épocas do ano?


Por causa de ventos desfavoráveis, um barco em que o apóstolo Paulo estava viajando gastou um bom tempo tentando navegar para oeste ao longo da costa da Ásia Menor. O relato da Bíblia diz que em certo ponto da viagem tornou-se “perigoso navegar, porque até mesmo o jejum do dia da expiação já passara”. Paulo disse aos que viajavam com ele que qualquer tentativa de continuar a viagem podia provocar a perda “não só da carga e do barco, mas também [das suas] almas”. — Atos 27:4-10.
O jejum do Dia da Expiação era no fim de setembro ou no início de outubro. Os marinheiros romanos sabiam que as viagens em geral eram seguras de 27 de maio a 14 de setembro. Entre essa última data e 11 de novembro, dizia-se que a segurança era incerta, e de 11 de novembro a 10 de março, as viagens marítimas em geral estavam suspensas. Uma razão era a instabilidade do tempo, como a experiência posterior de Paulo mostrou vividamente. (Atos 27:13-44) Os marinheiros podiam ter de enfrentar tempestades violentas e dificuldades maiores ao navegar. As nuvens escondiam o Sol de dia e as estrelas de noite. O nevoeiro e a chuva também diminuíam a visibilidade e escondiam possíveis perigos.

Quem eram os “faquistas” mencionados no relato sobre a prisão de Paulo por parte dos romanos?


De acordo com o relato de Atos, durante um tumulto no templo em Jerusalém, um comandante militar romano prendeu o apóstolo Paulo, acreditando que ele era o líder de um bando rebelde de “quatro mil faquistas”. (Atos 21:30-38) O que se sabe a respeito desses faquistas?
A palavra grega para “faquistas” vem do latim sicarii, que significa “usuários de sica”, ou punhal. O historiador do primeiro século Flávio Josefo descreveu os sicários como um grupo de judeus patriotas fanáticos, inimigos implacáveis de Roma, que se empenhavam em matanças políticas organizadas.
Josefo conta que os sicários “matavam as pessoas em pleno dia na cidade. Isto acontecia geralmente nos dias de festa, pois eles se misturavam com a multidão. Com pequenos punhais que levavam debaixo de suas roupas feriam os inimigos”. Quando suas vítimas caíam mortas, eles fingiam que estavam indignados com os assassinatos e conseguiam escapar sem levantar suspeitas. Josefo acrescenta que mais tarde os sicários foram os principais envolvidos na revolta contra Roma em 66-70 EC. Em vista disso, é compreensível que o comandante romano estivesse tão ansioso para prender o suposto líder desse grupo.

Além da Bíblia, que outras provas existem de que Jesus foi uma figura histórica real?


Vários escritores seculares que viveram numa época próxima aos dias de Jesus fizeram menção dele. Entre esses está Cornélio Tácito, que registrou a história de Roma no tempo dos imperadores. A respeito do incêndio que devastou Roma em 64 EC, Tácito relatou que havia boatos de que o Imperador Nero tinha sido o responsável por aquela catástrofe. Tácito disse que Nero tentou colocar a culpa num grupo que o povo chamava de cristãos. Tácito escreveu: “O autor deste seu nome [cristãos] foi Cristo, que no governo de Tibério foi condenado ao último suplício pelo procurador Pôncio Pilatos.” — Anais, XV, 44.
O historiador judeu Flávio Josefo também mencionou Jesus. Ao falar dos acontecimentos que ocorreram entre a morte de Festo, governador romano da Judeia por volta de 62 EC, e a chegada de Albino, seu sucessor, Josefo disse que o Sumo Sacerdote Anano (Ananias) reuniu “um conselho, diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros”. — Antiguidades Judaicas, XX, 200 (ix, 1).

Por que Jesus era chamado de Cristo?


Os relatos dos Evangelhos dizem que quando o anjo Gabriel apareceu a Maria para anunciar que ela ficaria grávida, ele disse que Maria devia dar a seu filho o nome Jesus. (Lucas 1:31) Era um nome relativamente comum entre os judeus nos tempos bíblicos. O historiador judeu Josefo escreveu sobre 12 pessoas, além das mencionadas nas Escrituras, que tinham esse nome. O filho de Maria era chamado de “o nazareno”, o que o identificava como o Jesus que veio de Nazaré. (Marcos 10:47) Ele também ficou conhecido como “o Cristo”, ou Jesus Cristo. (Mateus 16:16) O que isso significa?
A palavra “Cristo” em português vem do grego Khri‧stós, o equivalente à palavra hebraica Ma‧shí‧ahh (Messias). O significado literal dessas duas palavras é “Ungido”. Esse termo foi aplicado apropriadamente a outros antes de Jesus. Por exemplo, Moisés, Arão e o Rei Davi foram todos chamados de ungidos, o que significa que foram designados por Deus para posições de responsabilidade e autoridade. (Levítico 4:3; 8:12; 2 Samuel 22:51; Hebreus 11:24-26) Jesus, o predito Messias, foi o representante mais importante de Jeová. Assim, Jesus recebeu corretamente a designação de “Cristo, o Filho do Deus vivente”. — Mateus 16:16; Daniel 9:25.

O direito de primogenitura envolvia que privilégios e responsabilidades?


Desde os dias dos patriarcas, os servos de Deus davam direitos especiais ao filho primogênito. Quando o pai morria, o filho mais velho assumia a responsabilidade de cabeça da família. Ele passava a cuidar dela e a exercer autoridade sobre os membros da sua casa que continuavam a morar ali. O primogênito também representava a família perante Deus. Ao passo que todos os filhos recebiam uma herança, o primogênito recebia a herança principal. Em comparação com a quantidade de propriedades que os outros filhos recebiam, o primogênito recebia em dobro.
Na época dos patriarcas, o filho mais velho podia abdicar desse direito. Esaú, por exemplo, vendeu seu direito de primogênito para o seu irmão mais novo. (Gênesis 25:30-34) Jacó transferiu o direito de primogênito do seu filho mais velho, Rubem, para José. Rubem perdeu seu privilégio por causa de sua conduta imoral. (1 Crônicas 5:1) No entanto, sob a Lei mosaica, um homem com mais de uma esposa não podia transferir os benefícios da primogenitura do primeiro filho de uma delas para o primeiro filho de outra só porque a amava mais. O pai tinha de respeitar o direito que naturalmente pertencia ao primeiro filho dele. — Deuteronômio 21:15-17.

Por que os escribas e os fariseus usavam “caixinhas com textos”?


Jesus criticou seus opositores religiosos, os escribas e os fariseus, porque ampliavam ‘as suas caixinhas com textos, que usavam como proteção’. (Mateus 23:2, 5) Os membros desses grupos religiosos amarravam caixinhas pretas de couro, quadradas ou retangulares, na testa. Também as amarravam ao braço, na altura do coração. Dentro delas colocavam passagens das Escrituras. O costume de usar essas caixas de textos bíblicos, conhecidas como filactérios, tem sua origem numa interpretação literal da orientação que Deus tinha dado aos israelitas, que diz: “Estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração . . . E tens de atá-las como sinal na tua mão, e elas têm de servir de frontal entre os teus olhos.” (Deuteronômio 6:6-8) Não se sabe exatamente quando o costume de usar filactérios começou, mas a maioria dos eruditos aponta para o terceiro ou segundo séculos AEC.
Jesus criticou essa prática por dois motivos. Primeiro, os escribas e os fariseus aumentavam seus filactérios para impressionar os outros com sua devoção. E segundo, esses grupos estavam equivocados ao encarar essas caixinhas com textos como se fossem amuletos ou talismãs que os protegeriam. A palavra grega para essas caixinhas, fylaktérion, em publicações seculares é traduzida como “posto avançado”, “fortificação”, ou “uma proteção”.

O que era o portão da cidade muitas vezes mencionado nos relatos da Bíblia?


Nos tempos bíblicos, a maioria das cidades era cercada de muralhas. Dentro de muitos portões havia áreas livres onde as pessoas se juntavam para conversar, fazer negócios e contar as novidades. Ali também se davam anúncios públicos e podiam se ouvir as mensagens de profetas. (Jeremias 17:19, 20) A obra The Land and the Book (A Terra e o Livro) diz que “praticamente todas as transações públicas eram realizadas no portão da cidade ou perto dele”. No Israel antigo, os portões das cidades eram como os centros comunitários dos dias atuais.
Abraão, por exemplo, comprou de Efrom uma propriedade como local de enterro para a família “diante dos olhos dos filhos de Hete, entre todos os que entravam pelo portão de sua cidade”. (Gênesis 23:7-18) E Boaz pediu a dez anciãos de Belém que ficassem sentados perto do portão da cidade enquanto ele, na sua frente, tomava medidas para garantir a herança de Rute e de seu marido falecido, segundo a lei sobre o casamento levirato. (Rute 4:1, 2) Quando os homens mais velhos de uma cidade atuavam como juízes, eles sentavam na área do portão da cidade para ouvir os casos, tomar decisões e fazer julgamentos. — Deuteronômio 21:19.

Onde ficava Ofir, o lugar que a Bíblia diz ter sido uma fonte de ouro de qualidade superior?


O livro de Jó é o primeiro a comparar o “ouro de Ofir” com “ouro puro”. (Jó 28:15, 16) Uns 600 anos depois dos dias de Jó, o Rei Davi juntou “ouro de Ofir” para a construção do templo de Jeová em Jerusalém. Seu filho Salomão também importou ouro de Ofir. — 1 Crônicas 29:3, 4; 1 Reis 9:28.
Segundo as Escrituras, Salomão mandou construir uma frota de navios em  Eziom-Géber, no mar Vermelho, para trazer ouro de Ofir. (1 Reis 9:26) Há eruditos que dizem que Eziom-Géber está localizada no golfo de Aqaba na área onde hoje fica Elat ou Aqaba. Dali, os navios podiam chegar a qualquer parte do mar Vermelho ou a postos mercantis mais distantes na costa da África ou da Índia, possíveis localizações de Ofir. Havia também quem dissesse que Ofir ficava na Arábia, onde foram encontradas antigas minas de ouro e onde há depósitos explorados até nos tempos modernos.
Sobre se as minas de ouro de Salomão são apenas uma lenda, como muitos dizem, o egiptólogo Kenneth A. Kitchen escreve: “Ofir em si mesma não é mito. Existe um óstraco [ou, fragmento de cerâmica] hebraico, talvez do oitavo século [AEC], que tem uma inscrição com uma nota breve, mas clara, que registra o seguinte: ‘Ouro de Ofir para Bete-Horom — 30 siclos.’ Vemos que Ofir era uma fonte real de ouro, assim como acontece com o ‘Ouro de ‛Amau’, o ‘Ouro de Punt’ ou o ‘Ouro de Kush’ em textos egípcios — em cada caso o ouro ou é proveniente do lugar mencionado ou é daquela qualidade ou tipo.”

Será que as formigas realmente recolhem seu alimento no verão?


 Provérbios 6:6-8 diz: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; vê os seus caminhos e torna-te sábio. Embora não tenha comandante, nem oficial ou governante, prepara seu alimento no próprio verão; tem recolhido seus alimentos na própria colheita.”
De fato, várias espécies de formiga armazenam comida. É provável que Salomão tenha se referido à formiga colhedeira (Messor semirufus), a mais comum em Israel atualmente.
Segundo certa fonte, “as formigas colhedeiras saem de seus ninhos para procurar comida quando o tempo é favorável . . . [e] recolhem sementes durante os meses mais quentes do ano”. Elas apanham sementes nas plantas ou do chão, e constroem seus ninhos subterrâneos perto de campos, celeiros ou eiras, onde há grãos.
No ninho, as formigas armazenam os alimentos numa série de câmaras de forma achatada, ligadas por uma rede de galerias. Essas câmaras podem ter até 12 centímetros de diâmetro e 1 centímetro de altura. Diz-se que uma colônia de formigas colhedeiras bem suprida consegue sobreviver “por mais de quatro meses, mesmo que lá fora não haja mais alimento ou água”.

O que estava envolvido em ser copeiro do rei?


Neemias era copeiro do rei persa Artaxerxes. (Neemias 1:11) Nas cortes reais do Oriente Médio antigo, o copeiro do rei não era um servo qualquer. Era um alto funcionário. A literatura clássica e uma grande quantidade de representações antigas de copeiros nos ajudam a ter uma noção mais clara do papel de Neemias na corte persa.
Era o copeiro quem provava o vinho do rei para protegê-lo de ser envenenado. Assim, o rei tinha total confiança nele. “A grande necessidade de servos confiáveis se torna ainda mais evidente quando pensamos nas intrigas que costumavam surgir na corte aquemênida [persa]”, diz o erudito Edwin M. Yamauchi. É provável que o copeiro fosse também um dos funcionários favoritos do rei, tendo bastante influência junto a ele. Sua proximidade do monarca todos os dias talvez lhe permitisse decidir quem teria acesso ao rei.
Tudo isso pode ajudar a explicar por que o rei atendeu o pedido de Neemias para retornar a Jerusalém e reconstruir as muralhas. Pelo visto, o rei valorizava muito o serviço de Neemias. O The Anchor Bible Dictionary (Dicionário Bíblico Anchor) diz que “a única coisa que o rei disse foi: ‘Quando você volta?’” — Neemias 2:1-6.

O que o apóstolo Paulo tinha em mente quando falou sobre uma “procissão triunfal”?


Paulo escreveu: “Deus . . . nos conduz numa procissão triunfal, em companhia do Cristo, e . . . faz que o cheiro do conhecimento dele seja perceptível em toda a parte por nosso intermédio! Pois, para Deus somos cheiro fragrante de Cristo entre os que estão sendo salvos e entre os que estão perecendo; para estes últimos, cheiro que procede da morte para a morte, para os primeiros, cheiro que procede da vida para a vida.” — 2 Coríntios 2:14-16.
O apóstolo Paulo se referia à prática romana de realizar uma procissão comemorativa para honrar um general pela sua vitória sobre os inimigos do Estado. Naqueles eventos, os despojos e os prisioneiros de guerra eram exibidos publicamente, e touros eram levados para serem sacrificados enquanto o general vitorioso e seu exército eram aclamados. No fim da procissão os touros eram sacrificados, e é provável que muitos prisioneiros fossem executados.
A metáfora “cheiro fragrante de Cristo”, que significa vida para alguns e morte para outros, “possivelmente se baseia na prática romana de queimar incenso ao longo do trajeto da procissão”, diz a The International Standard Bible Encyclopedia (Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional). “A fragrância, que significava o triunfo dos vitoriosos, lembrava aos cativos a execução que provavelmente os aguardava.”

O que eram os “altos” mencionados muitas vezes nas Escrituras Hebraicas?


Quando os israelitas estavam para entrar na Terra Prometida, Jeová lhes disse para eliminar todos os locais de adoração dos cananeus que viviam ali. Deus ordenou: “Tendes de . . . destruir todas as suas figuras de pedra, e deveis destruir todas as suas imagens fundidas de metal, e deveis aniquilar todos os seus altos sagrados.” (Números 33:52) Esses centros de adoração falsa talvez tenham sido locais ao ar livre no alto de colinas ou plataformas construídas em outros locais, como debaixo de árvores ou em cidades. (1 Reis 14:23; 2 Reis 17:29; Ezequiel 6:3) Neles podia haver altares, postes ou colunas sagradas, imagens, incensários e outros objetos usados para adoração.
Antes da construção do templo em Jerusalém, os israelitas adoravam a Jeová em locais aprovados por ele, chamados nas Escrituras de altos. Samuel, profeta de Deus, ofereceu sacrifícios no “alto” em certa cidade na terra de Zufe. (1 Samuel 9:11-14) Depois da construção do templo, porém, vários reis que foram fiéis a Jeová tentaram eliminar os “altos” que havia no país. — 2 Reis 21:3; 23:5-8, 15-20; 2 Crônicas 17:1, 6.

Jesus era parente de algum de seus 12 apóstolos?


As Escrituras não dão uma resposta direta a essa pergunta. No entanto, provas circunstanciais e a tradição sugerem que alguns dos 12 apóstolos eram parentes de Jesus.
Os escritores dos Evangelhos fornecem o nome das mulheres que observavam Jesus quando ele estava morrendo na estaca de tortura. João 19:25 identifica quatro delas: “Sua mãe [Maria] e a irmã de sua mãe; Maria, esposa de Clopas, e Maria Madalena.” Comparando esse versículo com as descrições de Mateus e Marcos a respeito da mesma cena, podemos chegar à conclusão de que a irmã da mãe de Jesus era Salomé. Por sua vez, é provável que essa Salomé fosse a mãe dos filhos de Zebedeu. (Mateus 27:55, 56; Marcos 15:40) Assim, os filhos dela, identificados em outros textos como Tiago e João, seriam primos de primeiro grau de Jesus. Jesus convidou esses dois irmãos, que eram pescadores, para ser seus discípulos. — Mateus 4:21, 22.
A tradição não bíblica afirma que Clopas, ou Alfeu, marido de uma das mulheres mencionadas em João 19:25, era irmão de José, pai adotivo de Jesus. Se essa tradição for baseada em fatos, então outro dos 12 apóstolos, Tiago, filho de Alfeu, também era primo de Jesus. — Mateus 10:3.

Que parentesco havia entre Jesus e João Batista?


Alguns acreditam que eles eram primos de segundo grau. Essa crença se baseia numa tradução imprecisa de Lucas 1:36. Por exemplo, esse versículo, na versão Almeida (edição revista e corrigida), diz que Elisabete (Isabel), mãe de João, e Maria, mãe de Jesus, eram primas.
Na verdade, a palavra usada nesse versículo no grego original não é tão específica. Simplesmente indica que as duas mulheres eram parentes, mas não diz que eram primas. Segundo o The Interpreter’s Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico do Intérprete), “o termo é muito abrangente para ajudar a determinar com precisão o parentesco que existia entre elas”. Então, onde surgiu a ideia de que Jesus e João eram primos de segundo grau? A The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica) responde: “Todas as informações que temos sobre . . . os pais de Maria . . . são tiradas de literatura apócrifa.”
Assim, Jesus e João eram, pelo menos, parentes distantes, mas não necessariamente primos de segundo grau.

Por que o livro bíblico de 1 Coríntios menciona carne que havia sido sacrificada a ídolos?


O apóstolo Paulo escreveu: “Comei de tudo o que se vende no açougue, sem fazer indagação por causa da vossa consciência.” (1 Coríntios 10:25) De onde vinha essa carne?
Os sacrifícios de animais eram a cerimônia principal nos templos gregos e romanos, mas nem toda a carne usada nos sacrifícios era consumida durante a cerimônia. A carne que sobrava nesses templos pagãos era vendida nos açougues e mercados. O livro Idol Meat in Corinth (Carne Oferecida a Ídolos em Corinto) diz: “Os que realizavam as cerimônias . . . eram chamados em outros contextos de cozinheiros e/ou açougueiros. Eles vendiam no mercado parte da carne que recebiam como pagamento por abater os animais para o sacrifício.”
Portanto, nem toda a carne vendida nos mercados era sobra de cerimônias religiosas. Escavações feitas no mercado de carne (em latim, macellum) de Pompeia revelaram a presença de carcaças inteiras de ovelhas. Segundo o erudito Henry J. Cadbury, isso sugere que “no macellum talvez fossem vendidos animais vivos ou abatidos, bem como carne já cortada em pedaços ou que havia sido oferecida em sacrifício num templo”.
O que Paulo quis dizer é que, embora os cristãos não participassem em adoração pagã, eles podiam comprar carne que havia sido sacrificada num templo, visto que isso em si não tornava a carne impura.

Por que existia rivalidade entre judeus e samaritanos nos dias de Jesus?


João 4:9 diz que ‘os judeus não tinham tratos com os samaritanos’. Pelo visto, esse problema começou quando Jeroboão instituiu a adoração de ídolos no reino de dez tribos de Israel, ao norte. (1 Reis 12:26-30) Os samaritanos eram da cidade de Samaria, capital desse reino. Com o tempo, todos os habitantes das dez tribos passaram a ser chamados de samaritanos. Quando elas caíram diante dos assírios em 740 AEC, os conquistadores levaram estrangeiros pagãos para morar em toda a região. É provável que os casamentos entre esses colonos e o povo local tenham resultado em degeneração ainda maior da adoração que os samaritanos prestavam.
Séculos mais tarde, quando os judeus retornaram do exílio em Babilônia, os samaritanos não apoiaram seus esforços de reconstruir o templo de Jeová e as muralhas de Jerusalém. (Esdras 4:1-23; Neemias 4:1-8) A rivalidade religiosa aumentou quando os samaritanos construíram seu próprio templo no monte Gerizim, provavelmente no quarto século AEC.
Nos dias de Jesus, o termo “samaritano” tinha uma conotação mais religiosa do que geográfica, e se referia a um adepto de uma seita que prosperava em Samaria. Os samaritanos ainda prestavam adoração no monte Gerizim, e os judeus os tratavam com desrespeito e desprezo. — João 4:20-22; 8:48.

A que o apóstolo Paulo estava se referindo quando disse que levava em seu corpo “as marcas dum escravo de Jesus”? — Gálatas 6:17.


 As palavras de Paulo podem ter sido entendidas de várias maneiras por seus ouvintes no primeiro século. Por exemplo, nos tempos antigos usava-se um ferro em brasa para identificar prisioneiros de guerra, ladrões de templos e escravos fugitivos. Esse tipo de marca no corpo de uma pessoa era considerado algo desonroso.
No entanto, essas marcas nem sempre eram encaradas de forma negativa. Muitos povos antigos as usavam para mostrar que pertenciam à certa tribo ou religião. Por exemplo, segundo o Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento), “os sírios se consagravam aos deuses Hadade e Atárgatis por meio de marcas no pulso ou no pescoço . . . Os devotos de Dionísio recebiam uma marca em forma de folha de hera”.
Muitos comentaristas atuais acreditam que Paulo estivesse se referindo a cicatrizes causadas por maus-tratos que recebeu durante suas atividades cristãs como missionário. (2 Coríntios 11:23-27) Mas o que Paulo talvez quisesse dizer era que seu modo de vida — não alguma marca literal — o identificava como cristão.

Será que as cidades de refúgio no Israel antigo se tornaram esconderijos para criminosos?


No mundo pagão antigo, muitos templos serviam de refúgio para fugitivos ou criminosos. Na cristandade medieval, igrejas e mosteiros eram usados com a mesma finalidade. No entanto, as leis estabelecidas para as cidades de refúgio do Israel antigo garantiam que elas não se tornassem esconderijos para criminosos.
A Lei mosaica dizia que as cidades de refúgio serviam de proteção apenas para o homicida não intencional. (Deuteronômio 19:4, 5) Ele podia fugir para a cidade de refúgio mais perto de onde morava, fora do alcance do parente (do sexo masculino) mais próximo da vítima. Caso contrário, esse parente podia alcançá-lo e vingar o sangue derramado. Depois de contar aos anciãos da cidade o que tinha acontecido, o fugitivo era levado para ser julgado na cidade que tinha jurisdição sobre o local da morte. Ali, ele tinha a oportunidade de provar sua inocência. Os anciãos analisavam o relacionamento do fugitivo com a vítima para saber se havia existido ódio entre eles. — Números 35:20-24; Deuteronômio 19:6, 7; Josué 20:4, 5.
Se o fugitivo fosse considerado inocente, ele voltava para a cidade de refúgio e tinha de permanecer nas proximidades dela. Essas cidades não eram prisões. Quem se refugiava ali trabalhava e servia como membro útil da comunidade. Depois da morte do sumo sacerdote, todos os refugiados podiam deixar as cidades de refúgio em segurança. — Números 35:6, 25-28.

Quem eram os reis magos que visitaram o menino Jesus?


De acordo com o relato sobre o nascimento de Jesus no Evangelho de Mateus, visitantes das “regiões orientais” que haviam visto a estrela de um novo rei deram presentes ao menino Jesus. O texto grego do Evangelho chama esses visitantes de má‧goi, ou seja, “magos”. (Mateus 2:1, nota) O que sabemos sobre eles?
A mais antiga e importante fonte de informações a respeito dos reis magos é o historiador grego Heródoto. Ele viveu no quinto século AEC e registrou que os magos pertenciam a uma classe sacerdotal persa especializada em astrologia, interpretação de sonhos e uso de encantamentos. Na época de Heródoto, a religião da Pérsia era o zoroastrismo. Por isso, os magos de quem ele falou eram provavelmente sacerdotes zoroastrianos. “Em sentido mais amplo”, diz a The International Standard Bible Encyclopedia (Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional), “um mágos no mundo helenístico tinha conhecimento e habilidades sobrenaturais e era às vezes praticante de magia”.
Vários dos primeiros comentaristas “cristãos”, como Justino, o Mártir, Orígenes e Tertuliano, chamaram os magos que visitaram Jesus de astrólogos. Por exemplo, Tertuliano escreveu em seu livro intitulado “Sobre Idolatria”: “Sabemos da aliança mútua entre a magia e a astrologia. Os intérpretes das estrelas, então, foram os primeiros . . . a apresentar a Ele [Jesus] ‘dádivas’.” Em harmonia com esse entendimento, muitos tradutores bíblicos vertem má‧goi por “astrólogos”.

Por que Mateus atribuiu palavras do livro de Zacarias ao profeta Jeremias?


A passagem em questão encontra-se em Mateus 27:9, 10, onde o evangelista falou sobre o dinheiro dado a Judas Iscariotes para trair Jesus. Os versículos dizem: “Cumpriu-se assim aquilo que fora falado por intermédio de Jeremias, o profeta, que disse: ‘E tomaram as trinta moedas de prata, o preço do homem com que foi avaliado, . . . e deram-nas pelo campo do oleiro.’” Na verdade, quem profetizou a respeito das 30 moedas de prata foi Zacarias, não Jeremias. — Zacarias 11:12, 13.
Parece que o livro de Jeremias, e não o de Isaías, era às vezes colocado primeiro na coleção de livros chamada de “os Profetas”. (Mateus 22:40) Por isso, quando Mateus falou aqui de “Jeremias”, ele estava se referindo a uma seção inteira das Escrituras chamada pelo nome do primeiro livro. Essa seção incluía Zacarias.
De modo similar, Jesus usou “Salmos” para se referir a vários livros bíblicos também conhecidos como “os Escritos”. Assim, ao dizer que todas as coisas escritas a seu respeito “na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” tinham de se cumprir, Jesus estava falando sobre as profecias contidas nas inteiras Escrituras Hebraicas. — Lucas 24:44.

Será que Pôncio Pilatos tinha motivos para temer a César?


Para pressionar o governador romano Pôncio Pilatos a executar Jesus, os líderes judaicos disseram: “Se livrares este homem, não és amigo de César.” (João 19:12) O “César” mencionado aqui era o imperador romano Tibério. Será que Pilatos tinha motivos para temer a esse César?
Que tipo de pessoa era Tibério César? Anos antes do julgamento de Jesus, Tibério já havia se tornado “um homem que parecia estar interessado apenas nos seus próprios desejos e em maneiras cada vez mais perversas de satisfazê-los”, diz a The New Encyclopædia Britannica. Essa paranóia o levou a torturar e a executar qualquer pessoa que fosse até mesmo suspeita de traição. “Se for para acreditar nos historiadores que viveram por volta da época de Tibério”, diz a mesma obra de referência, “pode-se dizer que as diversões preferidas dele eram cruéis e obscenas. Mesmo à luz da interpretação mais positiva, ele matava com crueldade e praticamente de forma aleatória”.
Portanto, é bem provável que a reputação de Tibério tenha influenciado a decisão de Pilatos de ceder à pressão dos líderes judaicos e, assim, ordenar a execução de Jesus. — João 19:13-16.

Por que Jesus lavou os pés dos seus apóstolos?


No Israel antigo, muitos do povo comum realizavam suas atividades diárias descalços. Calçados, para quem os usava, consistiam de sandálias, que eram basicamente um solado amarrado no pé e no tornozelo. Visto que as ruas e os campos eram poeirentos ou lamacentos, ficar com os pés sujos era inevitável.
Portanto, era costume a pessoa tirar as sandálias ao entrar numa casa. A hospitalidade exigia lavar os pés dos visitantes. Essa tarefa era realizada pelo dono da casa ou por um servo. A Bíblia contém várias referências a essa prática comum. Por exemplo, Abraão disse aos que visitaram sua tenda: “Por favor, tome-se um pouco de água e terão de lavar-se os vossos pés. Recostai-vos então debaixo da árvore. E deixai-me buscar um pedaço de pão, e revigorai os vossos corações.” — Gênesis 18:4, 5; 24:32; 1 Samuel 25:41; Lucas 7:37, 38, 44.
Essas informações históricas nos ajudam a entender por que Jesus lavou os pés dos seus discípulos durante sua última Páscoa com eles. Naquela ocasião, não havia um dono de casa ou servo para realizar esse serviço e, pelo visto, nenhum dos discípulos tomou a iniciativa de fazer isso. Assim, por pegar uma bacia com água e uma toalha para lavar e secar os pés dos seus apóstolos, Jesus deu àqueles homens uma lição de amor e humildade. — João 13:5-17.

A lepra descrita na Bíblia é a mesma doença conhecida hoje por esse nome?


O termo médico “lepra” como é usado hoje se refere a uma infecção bacteriana contraída por humanos. Essa bactéria (Mycobacterium leprae) foi identificada pela primeira vez pelo Dr. G. A. Hansen em 1873. Os pesquisadores descobriram que essa bactéria consegue sobreviver fora do corpo em secreções nasais por até nove dias. Também descobriram que as pessoas que têm contato direto com leprosos correm mais riscos de contrair a doença, e que roupa contaminada é uma possível fonte de infecção. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 220 mil novos casos de lepra foram notificados em 2007.
Não há dúvida de que a lepra causava sofrimento às pessoas no Oriente Médio nos tempos bíblicos, e a Lei mosaica exigia que aquele que contraísse lepra ficasse de quarentena. (Levítico 13:4, 5) No entanto, a palavra hebraica tsa‧rá‧ʽath traduzida por “lepra” não se restringia a um problema de saúde. Tsa‧rá‧ʽath também afetava roupas e casas. Esse tipo de lepra podia aparecer em vestimentas de lã e de linho e em qualquer coisa de couro. Em alguns casos, lavar o que estava contaminado eliminava a lepra, mas se a “praga verde-amarelada ou avermelhada” não desaparecesse, as roupas ou o couro tinham de ser queimados. (Levítico 13:47-52) Nas casas, a praga se manifestava em forma de “depressões verde-amareladas ou avermelhadas” numa parede. As pedras e a argamassa afetadas precisavam ser removidas e descartadas — colocadas longe das moradias. Caso a lepra voltasse, a casa devia ser demolida e os materiais jogados fora. (Levítico 14:33-45) Alguns acham que a lepra nas roupas ou nas casas talvez se referisse ao que hoje é chamado de mofo ou bolor. Mas não podemos afirmar isso com certeza.

Por que a pregação do apóstolo Paulo em Éfeso causou alvoroço entre os prateiros?


Os prateiros de Éfeso prosperaram fabricando “santuários de prata para Ártemis”, padroeira de Éfeso, deusa da caça, da fertilidade e do parto. (Atos 19:24) Sua imagem supostamente havia caído “do céu”, e ela foi colocada no templo de Ártemis, em Éfeso. (Atos 19:35) Esse templo era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Todo ano, multidões de peregrinos afluíam a Éfeso durante março/abril para assistir às festividades em honra à Ártemis. O grande número de visitantes resultava na demanda de objetos de veneração para serem usados como suvenires, amuletos, ofertas para a deusa ou para a adoração em família quando os peregrinos voltassem para casa. Antigas inscrições em Éfeso falam da fabricação de estátuas de ouro e prata de Ártemis, e outras inscrições mencionam especificamente a sociedade de prateiros.
Paulo ensinou que os ídolos ‘feitos por mãos não são deuses’. (Atos 19:26) Assim, os prateiros viram seu meio de vida ameaçado e provocaram um tumulto para protestar contra a pregação de Paulo. Demétrio, um dos prateiros, resumiu os temores deles dizendo: “Não somente existe o perigo de que esta ocupação nossa venha a cair em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Ártemis venha a ser estimado em nada, e que até mesmo a sua magnificência, que todo o distrito da Ásia e a terra habitada adora, esteja prestes a ser reduzida a nada.” — Atos 19:27.

Como Deus encarava a prática da astrologia entre os israelitas?


Segundo um dicionário, astrologia é o “estudo, arte ou prática, cujo objetivo é decifrar a influência dos astros no curso dos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas”. Ao passo que a Terra gira em torno do Sol a cada ano, as constelações mudam de posição quando observadas da Terra. Desde os tempos antigos, as pessoas têm observado essas mudanças e atribuído grande significado a elas.
É provável que tenham sido os babilônios antigos que deram início à astrologia, fazendo das estrelas e das constelações objetos de adoração. Os israelitas passaram a praticar essa forma de adoração quando se desviaram da adoração verdadeira. Assim, na época do rei judeu Josias, a astrologia era amplamente praticada no país. A forma de Deus encarar esse assunto era clara. Séculos antes, a Lei mosaica havia proibido a adoração de estrelas sob pena de morte. — Deuteronômio 17:2-5.
Entre as medidas tomadas pelo Rei Josias para corrigir as práticas religiosas dos judeus estava a proibição de se fazer sacrifícios “ao sol e à lua, e às constelações do zodíaco, e a todo o exército dos céus”. O registro bíblico diz que o rei fez isso porque queria ‘seguir a Jeová e guardar seus mandamentos’. (2 Reis 23:3-5) Isso estabeleceu um padrão até mesmo para as pessoas hoje que desejam adorar a Deus “com espírito e verdade”. — João 4:24.

Quem eram os “Filhos de Zeus” mencionados em Atos 28:11?


O livro bíblico de Atos menciona que o apóstolo Paulo, a caminho de Roma, viajou de Malta a Putéoli num barco que tinha como figura de proa os “Filhos de Zeus”. (Atos 28:11) Esse tipo de emblema era popular entre antigos marinheiros e viajantes.
De acordo com a mitologia grega e romana, Zeus (também conhecido como Júpiter) e Leda tiveram filhos gêmeos, Castor e Pólux. Esses “Filhos de Zeus” eram considerados, entre outras coisas, marinheiros habilidosos que tinham poderes sobre o vento e as ondas. Por isso, eles passaram a ser venerados como padroeiros dos marinheiros. Os viajantes ofereciam sacrifícios a esses deuses e imploravam sua proteção durante tempestades. Acreditava-se que essas deidades gêmeas demonstravam seus poderes de proteção na forma de fogo-de-santelmo, uma descarga elétrica que às vezes aparece nos mastros dos navios durante uma tempestade.
A adoração de Castor e Pólux era bem difundida entre os gregos e os romanos, e uma fonte antiga menciona especificamente que isso acontecia no distrito próximo de Cirene, no Norte da África. O barco mencionado em Atos era da cidade de Alexandria, Egito, que ficava ali perto.

Por que Jesus ao orar a Jeová usou a expressão “Aba, Pai”?


A palavra ʼab‧báʼ em aramaico pode significar “o pai” ou “ó Pai”. Em cada uma das três vezes em que esse termo aparece nas Escrituras, ele é parte de uma oração e é usado com referência ao Pai celestial, Jeová. Qual é o significado dessa palavra?
A The International Standard Bible Encyclopedia (Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional) diz: “Na linguagem coloquial dos dias de Jesus, ʼabbāʼ era primariamente um termo íntimo e respeitoso dado pelos filhos ao seu pai.” Essa era uma forma carinhosa de se dirigir ao pai e estava entre as primeiras palavras que uma criança aprendia a falar. Jesus usou essa expressão num apelo fervoroso ao seu Pai. No jardim de Getsêmani, apenas horas antes de sua morte, Jesus se dirigiu a Jeová com as palavras “Aba, Pai”. — Marcos 14:36.
“ʼAbbāʼ como uma forma de se dirigir a Deus é extremamente incomum na literatura judaica do período greco-romano, sem dúvida porque os judeus consideravam irreverente dirigir-se a Deus com um termo tão familiar”, continua dizendo a obra de referência acima mencionada. No entanto, “o uso . . . que Jesus fez desse termo em oração é uma maneira indireta de reforçar sua afirmação notável de que tem um relacionamento bem achegado com Deus”. As duas outras ocorrências da palavra “Aba” nas Escrituras — ambas nos escritos do apóstolo Paulo — indicam que os cristãos do primeiro século também a usavam em suas orações. — Romanos 8:15; Gálatas 4:6.

Por que uma parte da Bíblia foi escrita em grego?


O apóstolo Paulo declarou que as “proclamações sagradas de Deus” foram confiadas aos judeus. (Romanos 3:1, 2) Portanto, a primeira parte da Bíblia foi escrita principalmente em hebraico, o idioma dos judeus. No entanto, as Escrituras Cristãs foram escritas em grego. Por quê?
No quarto século AEC, os soldados que serviam sob o domínio de Alexandre, o Grande, falavam vários dialetos do grego clássico. Aos poucos, esses dialetos se misturaram para formar o coiné, ou grego comum. As conquistas de Alexandre contribuíram para que o coiné se tornasse a língua internacional daqueles dias. Na época dessas conquistas, os judeus já haviam se espalhado para vários lugares. Seu exílio em Babilônia havia terminado séculos antes, e muitos deles nunca retornaram para a Palestina. Em resultado disso, com o tempo, muitos judeus não sabiam mais falar o hebraico puro e passaram a falar grego. (Atos 6:1) Para o benefício deles, foi feita a Septuaginta, uma tradução das Escrituras Hebraicas em coiné, ou grego comum.
O Dictionnaire de la Bible diz que nenhuma outra língua tinha “a riqueza, a flexibilidade e o caráter universal e internacional do grego”. Com seu vocabulário extenso e exato, sua gramática detalhada e verbos que expressavam corretamente nuanças de significado, era “um idioma de comunicação, de circulação, de propagação — exatamente a língua necessária para a divulgação do cristianismo”. Portanto, nada era mais apropriado do que a mensagem cristã ter sido escrita em grego.
[Nota(s) de rodapé]
Pequenas partes das Escrituras Hebraicas foram escritas em aramaico. Pelo visto, o Evangelho de Mateus foi escrito em hebraico e talvez tenha sido traduzido depois para o grego pelo próprio Mateus.

Será que Jerusalém foi alguma vez cercada de estacas pontiagudas, como Jesus disse que aconteceria?


Em sua profecia a respeito da destruição de Jerusalém, Jesus disse o seguinte sobre essa cidade: “Virão sobre ti os dias em que os teus inimigos construirão em volta de ti uma fortificação de estacas pontiagudas e te cercarão, e te afligirão de todos os lados.” (Lucas 19:43) As palavras de Jesus se cumpriram no ano 70 EC, quando os romanos, comandados por Tito, construíram um muro de sítio, ou paliçada, em volta da cidade. O objetivo de Tito era triplo — impedir que os judeus fugissem, forçá-los a se render e fazer com que a fome os levasse à submissão.
Segundo Flávio Josefo, historiador do primeiro século, assim que se decidiu construir esse muro, as várias legiões e divisões menores do exército romano começaram a competir entre si para ver quem terminava primeiro a sua seção designada do muro de sítio. As árvores na área rural, num raio de cerca de 15 quilômetros em volta da cidade, foram todas cortadas, e a paliçada, com mais de 7 quilômetros, levou apenas três dias para ser construída. Sobre isso, Josefo disse que “cortou-se então toda esperança de escape por parte dos judeus”. Com sua população faminta e à mercê de lutas assassinas entre suas várias facções armadas, a cidade caiu às mãos dos romanos cerca de cinco meses depois.

O Rei Ezequias construiu mesmo um túnel até Jerusalém?


Ezequias era o rei de Judá no fim do oitavo século AEC, uma época de conflito com a poderosa Assíria. A Bíblia nos conta que ele fez muito para proteger Jerusalém e garantir seu suprimento de água. Uma das obras que ele construiu foi um túnel, ou aqueduto, de 533 metros, para levar água da fonte à cidade. — 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:1-7, 30.
No século 19, foi descoberto um túnel que parecia ser o mencionado na Bíblia. Ficou conhecido como o túnel de Ezequias, ou túnel de Siloé. Dentro dele foi encontrada uma inscrição que descrevia a fase final de sua escavação. O formato das letras levou a maioria dos eruditos a identificar essa inscrição com a época de Ezequias. No entanto, uma década atrás, alguns disseram que o túnel talvez tivesse sido construído 500 anos mais tarde. Em 2003, uma equipe de cientistas israelenses publicou os resultados de sua pesquisa, cujo objetivo era estabelecer uma data confiável para o túnel. A que conclusão eles chegaram?
O Dr. Amos Frumkin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, diz: “Os testes com carbono 14 que fizemos no material orgânico no reboco do túnel de Siloé e o cálculo de datação das estalactites do túnel pelo método urânio-tório não deixam dúvida de que ele é da época de Ezequias.” Um artigo na revista científica Nature acrescenta: “As três linhas independentes de evidência — a datação por radiometria, a paleografia e o registro histórico — apontam para cerca de 700 a.C., fazendo do túnel de Siloé a estrutura bíblica da Idade do Ferro com a data mais precisa até agora.”

Por que as pessoas dizem “amém” no fim de uma oração?


A palavra “amém”, tanto em português como em grego, é uma transliteração da palavra hebraica ʼa‧mén. O termo, em geral pronunciado em uníssono pelos que ouvem uma oração, juramento, bênção ou maldição, significa basicamente “assim seja” ou “certamente”. Dizer “amém” indica que se concorda com os sentimentos que acabaram de ser expressos. De acordo com uma obra de referência, “a palavra denota certeza, veracidade, fidelidade e ausência de dúvida”. Nos tempos bíblicos, o termo também obrigava legalmente a pessoa que o usava a cumprir um voto ou pacto e a arcar com suas conseqüências. — Deuteronômio 27:15-26.
Em sua pregação e ensino, Jesus começava algumas de suas declarações com a palavra “amém”. Assim, ele destacava a certeza absoluta do que ia dizer. Nesses casos, a palavra grega a‧mén é traduzida como “deveras” ou “em verdade”. (Mateus 5:18; 6:2, 5; Almeida) Quando duplicada, como se dá em todo o Evangelho de João, a expressão de Jesus é traduzida “em toda a verdade”. (João 1:51) Alguns dizem que o uso que Jesus faz de amém dessa forma é ímpar na literatura sacra.
Nas Escrituras Gregas Cristãs, o título “Amém” é aplicado a Jesus para indicar que seu testemunho é ‘fiel e verdadeiro’. — Revelação (Apocalipse) 3:14.

O que era o Urim e o Tumim?


Pelo visto o Urim e o Tumim eram usados no Israel antigo para saber qual era a vontade de Jeová nos assuntos que envolviam a nação ou seus líderes. Esses objetos eram confiados ao sumo sacerdote e ficavam guardados na bolsa do “peitoral do julgamento”. (Êxodo 28:15, 16, 30) Embora as Escrituras não descrevam nenhuma vez esses objetos nem a forma como eram usados, várias passagens parecem indicar que eles serviam como sortes que resultariam numa resposta “sim” ou “não”, ou em nenhuma resposta da parte de Deus.
Um exemplo desse uso foi quando Davi pediu que Abiatar trouxesse o que aparentemente era o éfode do sumo sacerdote, que continha o Urim e o Tumim. Davi fez duas perguntas a Jeová: ‘Saul virá atrás de mim?’ e ‘Será que os proprietários de terras de Queila me entregarão na mão de Saul?’ A resposta às duas perguntas foi sim, permitindo que Davi tomasse decisões apropriadas. — 1 Samuel 23:6-12.
Numa ocasião anterior, o Rei Saul usou o Urim e o Tumim para determinar, primeiro, se a culpa estava com o povo ou com ele e Jonatã, e, depois, se o ofensor era ele ou seu filho. (1 Samuel 14:40-42) Mais tarde, depois de Saul ter perdido o favor divino, Deus não o orientou mais “nem por sonhos, nem por Urim, nem pelos profetas”. — 1 Samuel 28:6.
Segundo a tradição judaica, o Urim e o Tumim deixaram de ser usados quando o templo de Jeová foi destruído em 607 AEC.

Por que a roupa interior de Jesus interessava tanto aos soldados romanos?


Os quatro soldados que supervisionaram a execução de Jesus repartiram entre si as roupas dele. “Mas”, diz João 19:23, “a roupa interior [de Jesus] era sem costura, sendo tecida desde a parte de cima, por todo o seu comprimento”. Os soldados decidiram não dividi-la, mas lançar sortes para ver quem ficava com ela. Como era confeccionado esse tipo de roupa?
A roupa interior pelo visto se refere a um tipo de túnica de linho ou lã, que chegava aos joelhos ou tornozelos. Para fazer uma roupa dessas, geralmente usavam-se dois pedaços quadrados ou retangulares de tecido. Eles eram sobrepostos e costurados em três lados com aberturas para a cabeça e os braços.
Havia um tipo mais caro de túnica, que era feita de um modo parecido, mas usando “apenas um longo pedaço de tecido dobrado no meio, com uma abertura para a cabeça” e uma bainha, diz o livro Jesus and His World (Jesus e Seu Mundo). Essa espécie de túnica precisava de costuras laterais.
Roupas sem nenhuma costura, como a que Jesus estava usando, eram feitas exclusivamente na Palestina. Eram tecidas em teares verticais e tinham dois jogos de fios da urdidura, na vertical, um na frente da barra transversal e outro atrás. O tecelão passava alternadamente a lançadeira que levava o fio da trama, na horizontal, começando na parte da frente do tear até à parte de trás, “criando assim uma peça de tecido cilíndrica”, diz uma obra de referência. Uma túnica sem costura provavelmente era um item raro, por isso os soldados estavam interessados nessa túnica.

Havia apicultores no Israel antigo?


De acordo com as Escrituras Hebraicas, Deus prometeu levar o antigo povo israelita para ‘uma terra que manava leite e mel’. (Êxodo 3:8) Pelo visto, a maior parte das referências bíblicas ao mel falam do alimento produzido por abelhas silvestres. A Bíblia não diz nada sobre apicultura no Israel antigo. No entanto, uma descoberta recente no vale de Bete-Seã, Israel, revela que nos tempos antigos seus habitantes trabalhavam com “apicultura em escala industrial”.
Em Tel Rehov, pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém desenterraram um apiário datado do período entre o décimo século e o início do nono século AEC — o começo da monarquia em Israel. Essa foi a primeira vez que foram descobertas colméias antigas no Oriente Médio. Acredita-se que o apiário contivesse originalmente cem colméias, organizadas em fileiras e empilhadas em pelo menos três camadas.
O relatório da universidade sobre a descoberta diz que cada colméia era “um cilindro de argila não-cozida . . . com cerca de 80 centímetros de comprimento e 40 centímetros de diâmetro. . . . Especialistas em apicultura e eruditos que visitaram o local estimam que talvez se extraísse das colméias até meia tonelada de mel por ano”.

Quem eram os escribas que se opuseram a Jesus?


Durante seu ministério, Jesus teve contato com escribas não só em Jerusalém, mas também em cidades menores e aldeias. Fora de Jerusalém — e até mesmo em comunidades judaicas fora da Palestina — esses homens tinham certa autoridade, eram versados na Lei e podem ter servido como copistas ou juízes locais. — Marcos 2:6; 9:14; Lucas 5:17-21.
Em Jerusalém, os escribas tinham participação ativa no governo judaico. (Mateus 16:21) Seu papel, diz a obra The Anchor Bible Dictionary (Dicionário Bíblico Anchor), “pelo visto estava ligado aos sacerdotes, nos procedimentos judiciais, na aplicação das leis e costumes judaicos, e também nos assuntos rotineiros do Sinédrio”. Por causa de sua alta posição como instrutores da Lei, alguns desses escribas eram até mesmo membros do Sinédrio, ou alta corte judaica. Eles serviam com os principais sacerdotes e com os fariseus.
Na maioria das vezes, os escribas aparecem como opositores religiosos de Jesus. No entanto, alguns não se opunham a ele. Por exemplo, um escriba disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” Jesus disse a outro: “Não estás longe do reino de Deus.” — Mateus 8:19; Marcos 12:28-34.

O que significava uma pessoa ser ungida?


Nos tempos bíblicos, no Oriente Médio, untar a cabeça de alguém com óleo era sinal de favor para com essa pessoa ou um ato de hospitalidade a um convidado. Normalmente usava-se azeite de oliva acrescido de perfume. Os hebreus também derramavam óleo na cabeça de uma pessoa, ou a ungiam, quando ela era designada oficialmente para alguma posição especial de autoridade. Arão, por exemplo, foi ungido ao ser designado sumo sacerdote. (Levítico 8:12) No caso do Rei Davi, “Samuel tomou o chifre de óleo e ungiu-o . . ., e o espírito de Jeová começou a tornar-se ativo em Davi daquele dia em diante”. — 1 Samuel 16:13.
Na língua hebraica, o termo usado para essa unção é ma‧sháhh′, de onde vem a palavra ma‧shí‧ahh, ou Messias. A palavra correspondente em grego é khrí‧o, de onde vem khri‧stós, ou Cristo. Assim, Arão e Davi podem ser chamados de messias, ou ungidos. Moisés também é chamado de cristo, ou ungido, no sentido de que Deus o designou como Seu representante. — Hebreus 11:24-26.
Jesus de Nazaré foi designado pessoalmente por Deus para uma posição de grande autoridade. Em vez de ser ungido com óleo literal, Jesus foi ungido com espírito santo de Deus. (Mateus 3:16) Como Ungido escolhido de Jeová, Jesus é corretamente chamado de Messias, ou Cristo. — Lucas 4:18.

O que aconteceu com a arca do pacto?


Para os israelitas, a arca do pacto estava associada à presença de Deus. (Êxodo 25:22) Era uma caixa sagrada de madeira recoberta de ouro onde Moisés colocou as duas tábuas de pedra da Lei. Durante o tempo em que os israelitas moraram no deserto, a Arca foi mantida no compartimento da tenda de reunião chamado Santíssimo. (Êxodo 26:33) Mais tarde, ela foi levada para o Santíssimo do templo de Salomão. — 1 Reis 6:19.
A Arca é mencionada pela última vez em 2 Crônicas 35:3 quando o Rei Josias a devolveu ao templo, em 642 AEC. Ela pode ter sido retirada dali pelo antecessor apóstata de Josias, o Rei Manassés, que colocou uma imagem no templo. Ou talvez tenha sido retirada para não ser danificada durante as obras de restauração que Josias fez no templo. (2 Crônicas 33:1, 2, 7; 34:1, 8-11) O que aconteceu depois com a Arca é um mistério, pois ela não está alistada entre os objetos que foram tirados do templo quando os babilônios conquistaram Jerusalém em 607 AEC. — 2 Reis 25:13-17.
As Escrituras não dizem se a Arca voltou para o Santíssimo do templo reconstruído por Zorobabel; nem há evidência de que ela tenha sido substituída por outra. — Esdras 1:7-11.

Quem eram os vários Tiagos mencionados na Bíblia?


No total havia quatro, e é fácil confundi-los. Um era o pai do apóstolo Judas (não Iscariotes), e isso é tudo o que se sabe dele. — Lucas 6:16; Atos 1:13.
Depois, temos um dos filhos de Zebedeu. Este Tiago era irmão de João, ambos apóstolos de Jesus. (Mateus 10:2) Sua mãe parece ter sido Salomé, irmã da mãe de Jesus. (Compare Mateus 27:55, 56 com Marcos 15:40, 41 e João 19:25.) Se esse for o caso, Tiago era primo em primeiro grau de Jesus. Ele e seu irmão eram pescadores e sócios de Pedro e André. — Marcos 1:16-19; Lucas 5:7-10.
Em seguida vem outro apóstolo de Jesus: Tiago, filho de Alfeu. (Marcos 3:16-18) Ele é descrito como “Tiago, o Menor” em Marcos 15:40. Talvez fosse chamado “o Menor” por ser mais baixo ou mais novo que Tiago, filho de Zebedeu.
Por fim, temos o filho de José e Maria, e meio-irmão de Jesus. (Marcos 6:3; Gálatas 1:19) Durante o ministério de Jesus, Tiago não era discípulo. (Mateus 12:46-50; João 7:5) Mas antes do Pentecostes de 33 EC, Tiago orou com sua mãe, seus irmãos e os apóstolos num quarto de andar superior em Jerusalém. (Atos 1:13, 14) Mais tarde, Tiago se tornou um membro destacado da congregação em Jerusalém e escreveu o livro bíblico que leva o seu nome. — Atos 12:17; Tiago 1:1.

Quem era “o capitão do templo” e qual era a sua função?


“O capitão do templo” estava entre os líderes religiosos judeus que mandaram prender os apóstolos Pedro e João quando eles estavam pregando. (Atos 4:1-3) A Bíblia não fornece detalhes sobre as responsabilidades do capitão do templo, mas há algumas fontes históricas que dão informações interessantes sobre isso.
Parece que nos dias de Jesus, esse cargo oficial era ocupado por um sacerdote com autoridade abaixo apenas do sumo sacerdote. O capitão do templo mantinha a ordem dentro e fora do templo em Jerusalém. Ele supervisionava a adoração e também o que pode ser chamado de força policial do templo. Os capitães sob seu comando supervisionavam os vigias que abriam os portões do templo pela manhã e os fechavam à noite, assegurando-se de que ninguém entrasse em áreas restritas. Esses vigias também guardavam o tesouro do templo.
Os sacerdotes e os levitas que trabalhavam no templo estavam organizados em 24 turmas. Havia um rodízio, e cada turma servia por uma semana, duas vezes ao ano. É provável que cada turma tivesse seu próprio capitão. — 1 Crônicas 24:1-18.
Esses capitães do templo eram homens influentes. São mencionados junto com os principais sacerdotes que tramaram a morte de Jesus, e eles também usaram homens sob seu comando para prender Jesus. — Lucas 22:4, 52.

Mateus 3:4 diz que João Batista comia “gafanhotos e mel silvestre”. Os gafanhotos eram um alimento comum naquele tempo?


Alguns duvidam que João realmente comesse insetos e dizem que Mateus se referia às vagens da alfarrobeira, ou a uma fruta silvestre ou até mesmo a um tipo de peixe. No entanto, a palavra grega usada por Mateus designa uma família de gafanhotos conhecida hoje como acridídeos. A espécie mais comum em Israel era o gafanhoto do deserto, conhecido por formar enxames devastadores. — Joel 1:4, 7; Naum 3:15.
Os gafanhotos eram uma iguaria para os povos antigos como os assírios e os etíopes, e ainda são consumidos hoje por alguns beduínos e judeus iemenitas. Em Israel, os gafanhotos eram considerados comida dos pobres. Depois de se remover a cabeça, as pernas e o abdome, comia-se o tórax cru, assado, ou depois de seco ao sol. Às vezes, salgavam-se os gafanhotos ou colocavam-nos em vinagre ou mel. O historiador Henri Daniel-Rops diz que o sabor é similar ao do camarão.
Visto que João pregava no deserto, é provável que ele encontrasse gafanhotos com facilidade. (Marcos 1:4) Contendo 75% de proteína, os gafanhotos, junto com mel silvestre, formavam uma refeição altamente nutritiva.

Por que a Bíblia relaciona a adoração do deus falso Baal a orgias sexuais?


O deus cananeu Baal era basicamente um deus da fertilidade. Seus adoradores acreditavam que Baal era responsável pela produtividade de seus campos e rebanhos. Assim, segundo a obra de referência Manners and Customs in the Bible (Maneiras e Costumes na Bíblia), “a atividade sexual em santuários locais tinha como objetivo promover a fertilidade do solo por incentivar o deus da tempestade Baal e sua consorte Axerá a terem relações sexuais divinas, o que resultaria em grandes colheitas e manadas”.
Os cananeus acreditavam que Baal se retirava para as profundezas da Terra durante a estação seca quando Mot, deus da morte e da aridez, prevalecia sobre ele. No entanto, eles achavam que o começo das chuvas marcava a volta de Baal ao poder e, em resultado disso, a volta da vegetação e da vida em abundância. Os cananeus celebravam essa época com orgias desenfreadas. Isso explica por que a ligação dos israelitas a Baal de Peor resultou em terem “relações imorais com as filhas de Moabe”. — Números 25:1-3.

O que Jesus quis dizer quando falou que os escribas e os fariseus se pareciam com “sepulcros caiados”?


Jesus expôs os escribas e os fariseus como hipócritas e disse: “[Vós] vos assemelhais a sepulcros caiados, que por fora, deveras, parecem belos, mas que por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda sorte de impureza.” (Mateus 23:27) Os judeus costumavam realçar os túmulos com uma camada de cal no fim da estação das chuvas, no dia 15 de adar, um mês antes da Páscoa. Isso era necessário porque as chuvas removiam essa camada.
Segundo a The Jewish Encyclopedia (Enciclopédia Judaica), esse realce dado às sepulturas era feito com o objetivo de evitar que os “muitos peregrinos que andavam pelas estradas durante a festividade da Páscoa” ficassem impuros. A lei registrada em Números 19:16 ditava que qualquer pessoa que tocasse num cadáver, osso humano ou sepultura ficaria impura por sete dias. A impureza cerimonial impedia que um israelita participasse em atos relacionados à adoração pura, sob pena de morte. (Levítico 15:31) Jesus fez essa comparação apenas alguns dias antes da Páscoa. Assim, o branqueamento anual dos túmulos ainda devia estar bem vivo na mente de seus ouvintes. O que Jesus queria dizer era que seus opositores religiosos não eram o que aparentavam ser e que o contato com eles podia levar à impureza espiritual.

O que era o censo que resultou no nascimento de Jesus em Belém?


De acordo com o Evangelho de Lucas, quando César Augusto decretou que fosse feito um censo em todo o Império Romano “todos viajaram para se registrarem, cada um na sua própria cidade”. (Lucas 2:1-3) A cidade de José, pai adotivo de Jesus, era Belém, e a viagem que José e Maria fizeram para obedecer esse decreto resultou no nascimento de Jesus em Belém. Esses registros serviam para facilitar a coleta de impostos e o recrutamento para o serviço militar.
Quando os romanos conquistaram o Egito em 30 AEC, o censo já era uma prática testada e usada pelos egípcios. Os eruditos acreditam que os romanos adotaram o sistema de censo egípcio e usavam procedimentos similares no restante de seu império.
Uma evidência desse tipo de registro pode ser vista no decreto do governador romano do Egito em 104 EC. Uma cópia desse decreto, agora preservada na Biblioteca Britânica, contém as seguintes palavras: “Gaius Vibius Maximus, Prefeito do Egito (diz): Visto que chegou o tempo para se fazer um censo de casa em casa, é necessário obrigar todos os que, por qualquer que seja a causa, estiverem residindo fora de seus distritos a retornar a suas próprias casas para que possam cumprir tanto as exigências do censo como cuidar diligentemente do cultivo de seus terrenos.”

Por que José pensou em dar a Maria um certificado de divórcio se eles eram apenas noivos?


Segundo o Evangelho de Mateus, José soube que Maria estava grávida quando ela ‘estava prometida em casamento a ele’. No entanto, eles ainda não eram casados. Sem saber que Maria estava grávida “por espírito santo”, José deve ter pensado que ela havia sido infiel e por isso resolveu se divorciar dela. — Mateus 1:18-20.
Entre os judeus, os noivos eram encarados como já casados. Mas os dois não passavam a viver juntos como marido e mulher até que as formalidades do casamento tivessem sido concluídas. O noivado era um vínculo tão forte que se, por causa de uma mudança de sentimentos por parte do noivo ou por qualquer outra razão forte, o casamento não acontecesse a jovem não estava livre para se casar até obter um certificado de divórcio. Se o noivo morresse antes do casamento, a noiva era considerada viúva. Por outro lado, se ela cometesse fornicação durante o noivado, era considerada adúltera e sentenciada à morte. — Deuteronômio 22:23, 24.
Pelo visto, José pensou nas conseqüências de expor Maria a todas as pessoas da comunidade. Apesar de se sentir obrigado a trazer o assunto à atenção das autoridades competentes, ele quis protegê-la e evitar um escândalo. Então, decidiu se divorciar dela em segredo. Afinal, o fato de uma mãe solteira ter um certificado de divórcio indicaria que ela já havia sido casada.