sábado, 9 de junho de 2012



Parte 11: 2 AEC-100 EC — o caminho da fé, da esperança e do amor

“As maiores verdades são as mais simples: o mesmo acontece com os maiores de todos os homens.” — Autores ingleses Julius e Augustus Hare, do século 19.

CERCA de 320 anos depois da morte de Alexandre Magno, rei da Macedônia, nasceu um conquistador do mundo ainda maior do que ele. Diferia de Alexandre em dois grandes aspectos, conforme predito em Lucas 1:32, 33: ‘Ele será chamado Filho do Altíssimo, e não haverá fim do seu reino.’ Este Governante é Jesus Cristo, e ele estava destinado a permanecer vivo em mais do que as páginas poeirentas de livros de História.

Jesus era um homem simples, que levava uma vida simples. Ele não possuía um lar palaciano. Não se cercou de ricos e poderosos; nem possuía tesouros de bens terrestres. Jesus nasceu por volta de outubro de 2 AEC, numa despretensiosa família judia, sob circunstâncias bem simples, no vilarejo de Belém. A parte inicial de sua vida foi desprovida de acontecimentos destacados. Ele aprendeu a profissão de carpinteiro, “sendo, como era a opinião, filho de José”. — Lucas 3:23; Marcos 6:3.

Mesmo as pessoas que zombam da idéia de Jesus ser Filho de Deus não podem negar que o nascimento de Jesus introduziu uma nova era, nem alguém pode questionar com êxito a declaração feita pela World Christian Encyclopedia (Enciclopédia Mundial Cristã) de que “o Cristianismo se tornou a religião mais difundida e universal da História”.

Não Era Novo, mas Era Diferente

O cristianismo não era uma religião inteiramente nova. Suas raízes se aprofundam na religião dos israelitas, sendo nutrida pela Lei escrita de Jeová Deus. Mesmo antes de Israel se tornar uma nação, a adoração de Jeová já era praticada pelos seus antepassados Noé, Abraão e Moisés, e era, em realidade, uma continuação da mais antiga religião que existia, a adoração verdadeira do Criador, segundo praticada inicialmente no Éden. Mas, os líderes nacionais e religiosos de Israel permitiram que a religião falsa, com matizes babilônicos, penetrasse em sua adoração, e desta forma a poluísse. Como a World Bible (Bíblia Mundial) comenta: “A congregação judaica na época do nascimento de Jesus estava conspurcada por hipocrisias e saturada dum formalismo que obscurecia as subjacentes verdades espirituais proferidas pelos grandes profetas hebreus.”

Os ensinos de Jesus, quando comparados com as complexidades humanas adicionadas à fé judaica, primavam pela simplicidade. Paulo, um dos mais ativos missionários do cristianismo no primeiro século, mostrou isto quando falou das principais qualidades do cristianismo: “Permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.” (1 Coríntios 13:13) Outras religiões mencionam também ‘a fé, a esperança e o amor’, todavia, o cristianismo é diferente. Como?

Fé em Quem e no Quê?

Jesus sublinhou a necessidade de ‘exercer fé em Deus’, Aquele que ele descrevia como o Criador. (João 14:1; Mateus 19:4; Marcos 13:19) Assim, o cristianismo difere do jainismo e do budismo, ambos os quais rejeitam a idéia dum Criador, afirmando que o universo sempre existiu. E, visto que Cristo falou sobre “o único Deus verdadeiro”, ele, evidentemente, não cria numa multiplicidade de deuses e deusas verdadeiros como as religiões da antiga Babilônia, Egito, Grécia e Roma ensinavam, ou como o hinduísmo ainda ensina. — João 17:3.

O propósito divino, explicou Jesus, era que ele desse “sua alma como resgate em troca de muitos”, para “salvar o que estava perdido”, de modo que “todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna”. (Marcos 10:45; Lucas 19:10; João 3:16; compare com Romanos 5:17-19.) A crença numa morte sacrificial a fim de realizar a expiação de pecados difere do xintoísmo, que se recusa a admitir que existe o pecado original ou inerente.

Jesus ensinou que só existe uma fé verdadeira. Ele aconselhou: “Entrai pelo portão estreito; porque larga e espaçosa é a estrada que conduz à destruição, e muitos são os que entram por ela; ao passo que estreito é o portão e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos são os que o acham.” (Mateus 7:13, 14) O livro Imperial Rome (Roma Imperial) diz: “[Os primitivos] cristãos insistiam em que somente eles possuíam a verdade, e que todas as outras religiões . . . eram falsas.” Isto obviamente difere da atitude hindu-budista, que encara todas as religiões como tendo mérito.

Que Tipo de Esperança?

A esperança cristã se centraliza na promessa do Criador de que Seu governo solucionará os problemas mundiais. Assim, desde o começo do ministério de Jesus, em 29 EC, ele incentivou as pessoas a ‘ter fé nas boas novas’ de que ‘o reino de Deus se tinha aproximado’. (Marcos 1:15) Diferente das religiões orientais, tais como o Ch’õndogyo, o ensino de Jesus não destacou o nacionalismo como meio de realizar a esperança cristã. Com efeito, Jesus rejeitou todas as propostas de participar na política. (Mateus 4:8-10; João 6:15) Obviamente ele não concluiu, como alguns líderes judeus concluem, que “a humanidade precisa ajudar ativamente a Deus a trazer o Messias”.

A esperança cristã inclui a perspectiva de se usufruir a vida eterna na Terra sob condições justas. (Compare com Mateus 5:5; Revelação [Apocalipse] 21:1-4.) Não é isto algo simples e fácil de entender? Não para muitos cuja mente está anuviada pelo conceito budista do Nirvana, a que a obra The Faiths of Mankind (As Fés da Humanidade) se refere como “cessação” e, ainda assim, “não a aniquilação”. Este livro assevera que, na realidade, o Nirvana é “impossível de descrever”.

Amor — Por Quem e de que Espécie?

Jesus disse que o maior mandamento é: “Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua força”. (Marcos 12:30) Quão diferente das religiões que dão máxima prioridade à salvação humana, enquanto desprezam os interesses divinos. Em segundo lugar, em importância, disse Jesus, acha-se o amor positivo para com o próximo. “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam”, aconselhou ele, “vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles”. (Mateus 7:12; 22:37-39) Mas observe como isto difere do ensino negativo de Confúcio: “Não faças a outros o que não queres para ti mesmo.” Que amor considera superior, o da espécie que impede as pessoas de causar danos a você, ou o da espécie que as motiva a lhe fazer o bem?

“O primeiro teste de um homem verdadeiramente grande é sua humildade”, comentou o escritor inglês John Ruskin, do século 19. Jesus, ao oferecer humildemente a sua vida nos interesses do nome e da reputação de seu Pai, e, em segundo lugar, a favor do homem, demonstrou amor tanto a Deus como ao homem. Quão diferente isso é das aspirações egotistas à divindade por parte de Alexandre Magno, a respeito do qual diz a Collier’s Encyclopedia (Enciclopédia da Collier): “Por toda a sua vida, que ele repetidas vezes arriscou, não existe evidência alguma de que ele alguma vez tenha pensado no que aconteceria com seu povo após a sua morte.”

Ilustrando também o amor que ele tinha a Deus e ao homem, Jesus, diferente de seus contemporâneos hindus na Índia, não endossou um discriminatório sistema de castas. E diferente dos grupos judeus que permitiam que seus membros pegassem em armas contra os governantes impopulares, Jesus avisou seus seguidores de que “todos os que tomarem a espada perecerão pela espada”. — Mateus 26:52.

Fé Provada por Obras

A preocupação do cristianismo primitivo com a fé, a esperança e o amor, manifestava-se pela conduta. Ordenou-se aos cristãos que ‘pusessem de lado a velha personalidade’, comum à humanidade pecadora, e ‘se revestissem da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça’. (Efésios 4:22-24) Eles fizeram isto. É interessante que o falecido Harold J. Laski, cientista político inglês, disse: “Por certo, o teste crucial de um credo não é a capacidade de aqueles que o aceitam anunciar sua fé; seu teste crucial é sua capacidade de mudar o comportamento deles no decurso de sua vida diária.”  — Compare com 1 Coríntios 6:11.

Os cristãos primitivos, imbuídos duma fé inabalável e duma esperança bem alicerçada, e motivados pelo verdadeiro amor, passaram a obedecer à ordem final de Jesus, dada a eles antes de sua ascensão ao céu: “Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as . . . , ensinando-as a observar todas as coisas que vos ordenei.” — Mateus 28:19, 20.

Em Pentecostes de 33 EC, o espírito de Deus foi derramado sobre 120 discípulos cristãos reunidos num sobrado em Jerusalém. Nascia a congregação cristã! Naquele dia, seus membros foram miraculosamente dotados da capacidade de falar em línguas estrangeiras, habilitando-os assim a comunicar-se com os judeus e com os prosélitos de outros países que se achavam em Jerusalém, assistindo a uma festa. (Atos 2:5, 6, 41) E, com que resultado? Num único dia, o número de cristãos pulou de cerca de 120 para mais de 3.000!

Jesus limitou sua pregação mormente aos judeus. Mas, pouco depois de Pentecostes, Pedro, apóstolo cristão, foi usado para abrir “O Caminho” para os samaritanos, que guardavam os primeiros cinco livros da Bíblia, e, mais tarde, em 36 EC, para todos os não-judeus. Paulo tornou-se um “apóstolo para as nações” e empreendeu três viagens missionárias. (Romanos 11:13) Foram assim formadas congregações, e elas floresceram. “O zelo deles em disseminar a fé não conhecia limites”, diz o livro From Christ to Constantine (De Cristo a Constantino), acrescentando: “O testemunho cristão era tanto amplo como eficaz.” No caso da perseguição contra os cristãos, o feitiço virou contra o feiticeiro, ajudando a disseminar a mensagem, assim como o vento atiça as chamas. O livro bíblico de Atos relata excitante história da incessante atividade cristã durante a juventude do cristianismo.

‘Esse não É o Cristianismo que Eu Conheço!’

É esta a sua reação ao ouvir esta descrição dos primeiros dias do cristianismo? Já verificou que, em vez de possuir forte fé, muitos cristãos professos, hoje em dia, estão repletos de dúvidas, inseguros quanto ao que crer? Já verificou que, em vez de esperança, muitos deles acham-se nos laços do temor, inseguros quanto ao futuro? E já verificou, como se expressou o satirista inglês Jonathan Swift, do século 18, que “temos bastante religião para fazer-nos odiar uns aos outros, mas não o bastante para que nos amemos uns aos outros”?

Paulo predisse este acontecimento negativo. “Lobos opressivos” — líderes que só seriam cristãos no nome — ‘surgiriam e falariam coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos’. (Atos 20:29, 30) Qual seria a extensão disto? Nosso próximo número explicará isto.


Para as pessoas de fora, o cristianismo era mencionado como “O Caminho”. “Foi primeiro em Antioquia [provavelmente de 10 a 20 anos depois] que os discípulos, por providência divina, foram chamados cristãos.” — Atos 9:2; 11:26.


O cristão tem fé num Deus vivo.

A esperança cristã aguarda um restaurado paraíso terrestre.
O amor cristão é imparcial em ajudar outros a servir a Deus.

Nenhum comentário: